Ações terapêuticas.
Anestésico geral.
Propriedades.
Seu exato mecanismo de ação não é
conhecido. Bloqueia os impulsos aferentes associados com o componente afetivo
emocional da percepção dolorosa na formação reticular medular média, para
suprimir a atividade da medula espinhal e para interagir com vários sistemas
transmissores do SNC. De absorção e distribuição rápidas nos tecidos
perfundidos, incluindo o cérebro. Metaboliza-se no fígado. Sua distribuição
(meia-vida) dura de 7 a 11 minutos e elimina-se em 2 ou 3 horas. Tempo até a
indução da anestesia (sensação de dissociação): 15 segundos, e anestesia em 30
segundos. A duração da anestesia, após uma dose de 2 mg/kg, é de 5 a 10
minutos. Elimina-se por via renal (90%) como cetamina inalterada.
Indicações.
Anestesia em intervenções curtas,
cirúrgicas e de diagnóstico, que não requerem relaxamento do músculo
esquelético. Indutor da anestesia antes de ministrar outros anestésicos gerais.
Posologia.
Indução por via IV: 1 a 2 mg/kg como
dose única ou mediante infusão IV. Por via IM: de 5 a 10 mg/kg. Manutenção: IV
de 0,01 a 0,03 mg/kg mediante infusão contínua. Dose limite: via IV, até 4,5
mg/kg; via IM: até 13 mg/kg.
Reações adversas.
São de incidência mais frequente:
hipertensão, taquicardia. Raramente: bradicardia, hipotensão, dispneia,
movimentos musculares incontrolados. Requerem atenção médica se persistirem ou
forem incômodos: delírios, experiência de dissociação, ilusões visuais.
Precauções.
Podem ser produzidas alterações
psicomotoras após a anestesia. Evitar o álcool ou outros depressores do SNC nas
24 horas que se seguem à anestesia. Antes da indução da anestesia, recomenda-se
administrar atropina, escopolamina ou outro dessecante, dado que a cetamina
aumenta as secreções das glândulas mucosas traqueobronquiais e salivares.
Durante a recuperação, pode-se provocar um estado de confusão. Utiliza-se em
doses baixas para administrar anestesia obstétrica, dado que atravessa a
placenta.
Interações.
Os anestésicos hidrocarbonados por
inalação podem prolongar a meia-vida de eliminação da cetamina. Fármacos
anti-hipertensivos ou aqueles que produzem depressão do SNC podem aumentar o
risco de hipotensão ou depressão respiratória. Em pacientes que recebem
hormônios tireóideos, deve-se ministrar a cetamina com precaução devido ao
aumento do risco de hipertensão e taquicardia.
Contraindicações.
Quadros clínicos nos quais um
hipertensivo seria perigoso (doença cardiovascular grave, insuficiência
cardíaca, enfarte de miocárdio recente, traumatismo cerebral, hemorragia
intracerebral). A relação risco-benefício será avaliada em intoxicação
alcoólica aguda, alcoolismo agudo, descompensação cardíaca, hipertensão leve
não-complicada; doenças psiquiátricas (esquizofrenia ou psicose aguda).