Ações terapêuticas.
Corticosteroide tópico.
Propriedades.
Trata-se de um glicocorticoide
lipossolúvel que é usado topicamente sob a forma de sal etabonato e que não
possui o agrupamento cetona no carbono 20 (C 20). É sintetizado a
partir da prednisolona, de modo que sofre uma biotransformação previsível,
originando um metabólito inativo e sendo eliminado através das vias biliar e
urinária. Os estudos de biodisponibilidade em voluntários sadios detectaram
níveis muito reduzidos (1 ng/mL) após aplicação local tópica ocular de 1 gota
de loteprednol (0,5%) 8 vezes ao dia, durante 48 horas. Os corticoides inibem a
resposta inflamatória a uma série de agentes e provavelmente retardam a cura.
Inibem o edema, a deposição de fibrina, a dilatação capilar, a migração de
leucócitos, a proliferação capilar, a proliferação de fibroblastos, a deposição
de colágeno e a reparação cicatricial associada com inflamações. Não há
explicação amplamente aceita para o mecanismo da ação ocular dos corticoides.
Não obstante, acredita-se que os corticoides atuem por indução de proteínas
inibidoras da fosfolipase A 2, geralmente denominadas
lipocortinas.Postula-se que, ao inibir a liberação de seu precursor comum, o
ácido araquidônico, estas proteínas controlem a biossíntese de mediadores
potentes da inflamação, como as prostaglandinas e os leucotrienos. O ácido
araquidônico é liberado da membrana fosfolipídica por ação da fosfolipase A
2. Os corticosteroides são capazes de produzir aumento da pressão
intraocular.
Indicações.
Patologias oculares inflamatórias
pós-cirúrgicas, queratite, conjuntivite, iridociclite, irite.
Posologia.
Aplicar 1 ou 2 gotas do colírio no
fundo do saco conjuntival, 4 vezes ao dia após a cirurgia, podendo continuar
com o tratamento durante as primeiras duas semanas do período pós-operatório.
Em patologias alérgicas ou inflamatórias: 1 a 2 gotas no fundo do saco
conjuntival 4 vezes ao dia e, se necessário, pode-se aumentar a dose até 1 gota
por hora.
Reações adversas.
As reações adversas associadas com os
esteroides oftálmicos compreendem aumento da pressão intraocular, o qual pode
estar associada com lesão do nervo óptico, alterações da acuidade e do campo
visual, formação posteriormente de cataratas subcapsulares, infecção ocular
secundária por agentes patogênicos, incluindo herpes simples e perfuração do
globo ocular no sítio onde ocorreu diminuição da espessura da córnea ou da
esclerótica. As reações oculares adversas que se manifestaram em 5 a 15% dos
pacientes tratados com etabonato de loteprednol (suspensão oftálmica 0,2%-0,5%)
em estudos clínicos compreenderam visão anormal ou borrada, ardor durante a
instilação, secreção, olhos secos, epífora, sensação de corpo estranho, ardor,
congestão conjuntival e fotofobia. Outras reações oculares adversas ocorreram
em menos de 5% dos pacientes e se constituíram de conjuntivites, anomalias da
córnea, eritema das pálpebras, queratoconjuntivite, irritação/dor/mal-estar
ocular, papilite e uveíte. Alguns destes quadros foram semelhantes à afecção
ocular subjacente estudada.Em menos de 15% dos pacientes ocorreram reações
adversas não-oculares que se manifestaram como cefaleias, rinite ou faringite.
Precauções.
Caso a sintomatologia não melhore após
um tratamento de 48 horas a conduta deverá ser reavaliada pelo médico. Se o uso
do fármaco se estender por mais de 7 a 10 dias, a pressão intraocular deverá
ser controlada. O emprego de cortiscosteroides na mucosa ocular pode provocar
glaucoma com lesão do nervo óptico, alterações da acuidade visual e
posteriormente formação de cataratas subcapsulares, além de aumentar o risco de
infecções secundárias. O uso prolongado de corticosteroides pode provocar
supressão da resposta do hospedeiro e portanto aumentar o risco de infecções
oculares secundárias. Há relatos de casos de perfurações naquelas enfermidades
que provocam diminuição da espessura da córnea ou da esclera em função do uso
de esteroides tópicos. Em condições oculares purulentas agudas, os esteroides
podem mascarar as infecções ou agravar as existentes. O uso de esteroides pode
prolongar o curso e exacerbar a gravidade de algumas infecções virais do olho
(inclusive o herpes simples).A administração de uma medicação corticosteroide a
pacientes com antecendentes de herpes simples deve ser revestida de grande
precaução. O uso de esteroides posteriormente a uma cirurgia de catarata pode
retardar a cura e aumentar a incidência da formação de ampolas.
Interações.
Não foram registradas interações com
outros fármacos.
Contraindicações.
Patologias viróticas da córnea ou da
conjuntiva (queratite epitelial herpética, queratite dendrítica), infecções
oculares micobacterianas. Hipersensibilidade ao fármaco. Sua inocuidade em
pacientes pediátricos não está estabelecida.