Ações terapêuticas.
Hipocolesterolemiante.
Propriedades.
A lovastatina é uma lactona inativa
(pró-droga) que é transformada por hidrólise no fígado, onde exerce sua ação
farmacológica, na forma ácida ativa. Esta ação seletiva faz com que a
concentração plasmática da droga ativa seja de 5% da dose administrada, o que
evita ação farmacológica extra-hepática. A inibição na síntese de colesterol
hepático não afeta os níveis dos hormônios que se sintetizam a partir do
colesterol em outros órgãos. Atua mediante a inibição da enzima HMG-CoA
redutase, a qual produz uma redução da síntese de colesterol intra-hepático. A
diminuição de colesterol intracelular induz um aumento da síntese de receptores
hepáticos de LDL, tendo como consequência maior captação e diminuição dos
valores plasmáticos de colesterol LDL. Isso ocorre na hipercolesterolemia
familiar heterozigótica e na hipercolesterolemia primária não-familiar. Assim
mesmo, reduz os níveis dos triglicerídeos e aumenta de forma leve o colesterol
HDL. Conforme a dose, o percentual de redução do colesterol total varia de 19%
a 39%, o colesterol LDL de 20% a 45% e os triglicerídeos, de 10% a 30%.Por sua
vez, os níveis de colesterol HDL elevam-se entre 7% e 15%. Uma vez que a
diminuição de colesterol é dependente da dose, dever-se-á esperar de 4 a 6
semanas para observar efeitos ótimos da dose utilizada e, portanto, as
alterações de dose devem ser realizadas com intervalos não-inferiores a 4 ou 6
semanas. Em hipercolesterolemias refratárias graves, pode-se usar a terapêutica
combinada com colestiramina, já que se tem demonstrado potencialização dos
efeitos redutores da hipercolesterolemia, com redução do colesterol LDL
superior a 5%. A combinação com fibratos ou ácido nicotínico aumenta a
incidência de miopatias, não sendo recomendada, portanto, sua administração
conjunta.
Indicações.
Hipercolesterolemia primária, na qual
a dieta e outras medidas isoladas tenham sido insuficientes e mantidos e
elevados o colesterol total e o LDL colesterol.
Posologia.
Antes da indicação da lovastatina, o
paciente deve seguir uma dieta hipocolesterolemiante e continuá-la durante o
tratamento. Dose inicial recomendada: 20 mg/dia, como dose única no jantar,
porque o colesterol sintetiza-se principalmente à noite. Dose máxima de 80 mg
diários em 1 ou 2 doses. Em pacientes tratados com imunossupressores, a dose
máxima recomendada é de 20 mg/dia. A dose deve ser reduzida quando os níveis
decrescerem abaixo de 75 mg/100 ml ou os níveis de colesterol total estiverem
abaixo de 140 mg/100 ml. Pacientes com insuficiência renal: dado que a droga
não sofre uma excreção renal significativa, não é necessário modificar a dose.
Reações adversas.
A maioria das reações adversas foi
leve e transitória. Em estudos clínicos controlados, os efeitos adversos que
ocorreram com uma frequência maior que 1% foram: flatulência, diarreia,
constipação, náuseas, dispepsia, enjoos, visão turva, cefaleia, cãibras
musculares, mialgias, erupção cutânea e dor abdominal. De 0,5% a 1%
observou-se: fadiga, prurido, secura na boca, insônia, distúrbios do sono.
Raramente foi informada síndrome de hipersensibilidade, que incluiu:
anafilaxia, angiodema, polimialgia reumática, artrite, urticária, astenia,
fotossensibilidade, febre e mal-estar. Exames laboratoriais: podem
evidenciar-se aumentos das transaminases séricas, elevação da fosfatase
alcalina e da bilirrubina.
Precauções.
Efeitos hepáticos: as elevações
moderadas das transaminases séricas que ocorrem no início da terapêutica não
são acompanhadas de sintomas e não requerem a interrupção do tratamento.
Recomenda-se realizar o teste de transaminases antes de iniciar o tratamento, e
4 ou 6 meses após, principalmente em pacientes com testes hepáticos anormais.
Se os valores aumentarem 3 vezes acima do normal, dever-se-á avaliar o risco de
continuar com o tratamento. Efeitos musculares: com frequência observa-se
elevação ligeira e transitória dos níveis de CPK (creatinofosfoquinase).
Mialgias: se há suspeita ou diagnóstico de miopatia associada com elevação de
CPK, o tratamento deverá ser interrompido. Geralmente, estes pacientes recebiam
tratamentos concomitantes com imunossupressores (ciclosporina), genfibrozila ou
dose hipolipemiante de ácido nicotínico e, portanto, deve-se avaliar a relação
risco-benefício do uso de lovastatina com estes fármacos.Em pacientes com
hipercolesterolemia familiar homozigótica, a lovastatina tem sido menos eficaz,
talvez porque estes pacientes não tenham receptores para LDL em funcionamento.
Embora tenha um moderado efeito hipotrigliceridemiante, não é indicado quando
esta patologia é mais importante (hiperlipidemias dos tipos I, IV e V).
Interações.
Já foi descrito o efeito que produz a
associação com genfibrozila, imunossupressores e ácido nicotínico. Em pacientes
tratados com eritromicina associada com lovastatina, observou-se, em alguns
casos, rabdomiólise. Quando administrada com anticoagulantes cumarínicos, o
tempo de protrombina pode elevar-se em alguns pacientes. Em estudos clínicos,
usou-se lovastatina junto com betabloqueadores, antagonistas dos canais do
cálcio, diuréticos e anti-inflamatórios não-esteroides, sem evidência de
interações adversas clinicamente significativas.
Contraindicações.
Hipersensibilidade à droga. Doença
hepática ativa ou elevações persistentes não-explicadas das transaminases
séricas. Gravidez, lactação.