Ações terapêuticas.
Antiarrítmico.
Propriedades.
É um antiarrítmico que pertence à
classe Ia (procainamida, quinidina) de efeito inotrópico positivo desprezível.
Possui efeito vasoconstritor periférico e antimuscarínico. A disopiramida
possui efeito estabilizador da membrana e é ativa em modelos de arritmias de
origem ventricular e auricular, tanto isquêmicas como não-isquêmicas. Provoca
uma diminuição da velocidade de despolarização e da amplitude do potencial de
ação (fase 0); prolonga a duração do potencial de ação e diminui a velocidade
de despolarização lenta espontânea (fase 4) e da automaticidade; produz também
uma prolongação do período refratário efetivo no nível auricular e ventricular.
A disopiramida é bem absorvida no trato gastrintestinal (biodisponibilidade:
83%); 50% do fármaco sanguíneo circulam ligados a proteínas. Possui um volume
de distribuição de 0,78 L/kg. A concentração plasmática máxima é atingida entre
30 minutos e 3 horas após a ingestão e o início da ação é observado entre 30
minutos e 3,5 horas posteriores à ingestão.A meia-vida normal da disopiramida
(7 horas) é afetada em pacientes com doença renal (8 a 18 horas). A ação
antiarrítmica prolonga-se entre 1,5 e 8,5 horas. O fármaco é metabolizado no
fígado e 80% são eliminados pela urina (50% inalterados, 50% metabólitos) e 15%
pela bile.
Indicações.
Tratamento e profilaxia das arritmias
ventriculares e da taquicardia supraventricular.
Posologia.
As doses são expressas como
disopiramida base. Via oral. Adultos: 100 a 150 mg cada 6 horas (totalizando
400 a 800 mg/dia). Crianças menores de 1 ano: 10 a 30 mg/kg/dia; crianças de 1
a 4 anos: 10 a 20 mg/kg/dia; crianças de 4 a 12 anos: 10 a 15 mg/kg/dia;
crianças de 12 a 18 anos: 6 a 15 mg/kg/dia. Ocasionalmente pode-se empregar por
via IV lenta em doses de 2 mg/kg até um máximo de 150 mg/dia e sem exceder 30
mg por minuto de perfusão. Se a arritmia não reverter ou persistir utilizam-se
4 mg/kg e um máximo de 300 mg.
Superdosagem.
Observam-se problemas
eletrocardiográficos, bloqueios auriculoventriculares de grau variável, coma
profundo com midríase bilateral, hipotensão, parada cardíaca. O tratamento
sintomático da superdose deve ser realizado em unidades de cuidado intensivo.
Podem ser administrados anticolinérgicos.
Reações adversas.
Por seus efeitos anticolinérgicos pode
provocar secura bucal, visão turva, constipação e retenção urinária. Náuseas,
vômitos, diarreia, dor de estômago, hipotensão profunda, bloqueio cardíaco,
hipoglicemia. Pode provocar insuficiência cardíaca em pacientes descompensados.
Precauções.
Deve ser ingerida com o estômago
vazio, uma hora antes ou duas horas depois de ingerir alimentos. Administrar
com precaução em pacientes com antecedentes de insuficiência cardíaca. Suas
doses devem ser reduzidas em pacientes com função renal afetada. Se durante a
administração de disopiramida aparecer um bloqueio auriculoventricular ou de
rama bilateral, deve-se suspender a administração do fármaco. Por não existirem
provas conclusivas, recomenda-se não administrar em gestantes a menos que o
benefício para a mãe supere o risco potencial para o feto. O aleitamento deve
ser suspenso se a mãe receber o medicamento.
Interações.
Antimuscarínicos: potencialização de
efeitos. Potencializa efeitos hipoglicêmicos e hipoglicemiantes orais. Álcool:
potencializa efeitos hipoglicemiantes e hipotensores. Antiarrítmicos:
prolongamento excessivo da velocidade de condução cardíaca e diminuição do
débito cardíaco. Indutores de enzimas hepáticas: aumentam a eliminação de
disopiramida. Pimozida: pode potencializar as arritmias. Administrar com
precaução em pacientes que recebem neurolépticos (tioridazina) ou
ganglioplégicos (bretílio).
Contraindicações.
Hipersensibilidade à disopiramida.
Bloqueio auriculoventricular de 2 e 3 graus (pacientes sem marca-passo). Choque
cardiogênico. Prolongamento congênito do intervalo QT. Administrar com
precaução em pacientes com adenoma prostático e glaucoma.