Ações terapêuticas.
Anticonvulsivo, antineurálgico.
Propriedades.
Derivado tricíclico do iminostibeno.
Estruturalmente é similar aos fármacos psicoativos (imipramina, clorpromazina e
maprotilina) e compartilha algumas características estruturais com os
anticonvulsivos (fenitoína, clonazepam e fenobarbital). O mecanismo exato de
sua ação anticonvulsiva é desconhecido; pode deprimir a atividade do núcleo
ventral anterior do tálamo, porém o significado não está completamente
esclarecido. Como antineurálgico pode atuar no SNC diminuindo a transmissão
sináptica ou a adição da estimulação temporal que dá origem à descarga
neuronal. Estimula a liberação de hormônio antidiurético. Outras ações
secundárias descritas: anticolinérgico, antidepressivo, inibidor da transmissão
neuromuscular e antiarrítmico. A absorção é lenta e variável, porém é quase
completamente absorvido no trato gastrintestinal. Sua união às proteínas é
muito alta (de 55% a 59% em crianças e 76% em adultos). É metabolizado no
fígado e um metabólito, a carbamazepina-10, 11-epóxido, tem atividade
anticonvulsiva, antidrepressiva e antineurálgica.Seu início de ação como
anticonvulsivo varia entre dias e meses, o que depende de cada paciente devido
à autoindução do metabolismo; o alívio da dor na neuralgia do trigêmeo varia
entre 24 a 72 horas. É eliminado em 72% por via renal (3% como fármaco
inalterado).
Indicações.
Epilepsia. Tratamento das crises
convulsivas parciais com sintomatologia simples ou complexa, crises convulsivas
tônico-clônica generalizadas (grande mal), crises convulsivas mistas.
Anticonvulsivo de primeira eleição. Neuralgia do trigêmeo.
Posologia.
Adultos como anticonvulsivo: dose
inicial de: 200 mg 2 vezes no primeiro dia, com aumentos até 200 mg ao dia em
intervalos semanais, até obter a resposta ótima; manutenção: 800 mg a 1,2
g/dia; dose máxima: em pacientes de 12 a 15 anos, 1 g/dia; maiores de 15 anos,
1,2 g/dia. Antineurálgico: no início 100 mg, 2 vezes no primeiro dia, com
aumento de até 200 mg em dias alternados em frações de 100 mg a cada 12 horas
até o alívio da dor; manutenção: 200 mg a 1,2 g/dia em várias doses; dose
máxima: 1,2 g/dia. Doses pediátricas crianças até 6 anos: 10 a 20 mg/kg/dia,
divididos em 2 a 3 doses; manutenção: 250 a 350 mg/dia, sem ultrapassar 400
mg/dia; crianças de 6 a 12 anos: 100 mg, 2 vezes no primeiro dia, com aumento
de até 100 mg/dia, com intervalos semanais até obter a resposta ótima;
manutenção: 400 a 800 mg/dia. A dosagem não deve superar, em geral, 1 g/dia.
Sempre que for possível, a dose diária total deve ser dividida em 3 a 4 doses.
Reações adversas.
Em pacientes que apresentam letargia,
debilidade, náuseas, vômitos, confusão ou hostilidade, anomalias neurológicas
ou estupor, deve-se suspeitar de hiponatremia. São de incidência mais
frequente: visão turva, cefaleia contínua, aumento da frequência de crises
convulsivas, sonolência e debilidade. Raramente: bradicardia, dificuldade de
respiração, disartria, rigidez, tremor, alucinações visuais, fezes pálidas,
hemorragias ou hematomas, febre, adenopatias, linfadenopatias e parestesias.
Sinais de superdosagem: enjoos agudos, sonolência grave, taquicardia, depressão
respiratória, crises convulsivas, tremores ou contrações. Erupção cutânea ou
prurido.
Precauções.
Deve-se ter cuidado ao dirigir, no
manuseio de máquinas ou ao realizar trabalhos que exijam atenção e coordenação.
Em pacientes diabéticos poderá haver um aumento nas concentrações de açúcar na
urina. Os pacientes de idade avançada podem ser mais sensíveis que os jovens à
agitação e confusão, bloqueio cardíaco auriculoventricular ou bradicardia
induzidos pela carbamazepina. Os efeitos leucopênicos e trombocitopênicos podem
originar maior incidência de infecção microbiana, retardo na cicatrização e
hemorragia gengival.
Interações.
O paracetamol pode aumentar o risco de
hepatoxicidade e diminuir os efeitos terapêuticos desta droga. Pode diminuir o
efeito dos corticosteroides devido ao aumento do metabolismo destes. Se
estimulado o metabolismo hepático das xantinas (teofilina, aminofilina), podem
diminuir os efeitos dos anticoagulantes derivados da cumarina por indução da
atividade enzimática microssômica hepática. Diminuição das concentrações
séricas e redução das vidas médias de eliminação de primidona, ácido valproico,
barbitúricos, benzodiazepinas ou anticonvulsivos do grupo succinimida ou
hidantoína. Os efeitos depressores sobre o SNC são potencializados com o uso
simultâneo de antidepressivos tricíclicos, aloperidol, loxapina, fenotiazinas
ou tioxantenos. Os inibidores da anidrase carbônica podem produzir um aumento
do risco de osteopenia. A cimetidina pode aumentar a concentração plasmática de
carbamazepina.Aumenta o metabolismo e, portanto, diminuem os efeitos
terapêuticos da ciclosporina, anticoncepcionais orais que contenham
estrogênios, dacarbazina, glicosídeos digitálicos, estrogênios, levotiroxina, mexiletina
e quinidina. O danazol, diltiazem, eritromicina, dextropropoxifeno ou verapamil
podem inibir o metabolismo da carbamazepina. Em pacientes tratados com doses
elevadas de mebendazol, foi demonstrado que as concentrações plasmáticas da
carbamazepina são diminuídas. O uso de IMAO pode originar crises
hiperpiréticas, crises hipertensivas e convulsões graves.
Contraindicações.
Crises de ausência atípicas ou
generalizadas. Crises atônicas. Crises convulsivas mioclônicas, bloqueio A-V,
antecedentes de depressão da medula óssea. A relação risco-benefício deverá ser
avaliada na presença de gravidez, lactação, diabetes mellitus, glaucoma,
disfunção hepática ou renal e reações hemáticas adversas por outros
medicamentos.