Ações terapêuticas.
Regulação da homeostase mineral e do
metabolismo esquelético.
Propriedades.
Regula o metabolismo mineral
antagonizando o efeito hipercalcemiante da paratormona. Reduz a mobilização do
cálcio ósseo quando a resolução é maior em relação à formação óssea, como na
osteoporose, na enfermidade de Paget e na osteólise maligna. Inibe a atividade
dos osteoclastos, e estimula a formação e atividade dos osteoblastos. Inibe a
osteólise reduzindo o cálcio sérico aumentado em forma anormal. Aumenta a
excreção urinária de cálcio, fósforo e sódio, ao reduzir sua reabsorção
tubular. O cálcio sérico não diminui abaixo dos limites normais. Possui
atividade analgésica talvez por um mecanismo de ação central, já que foram
observadas regiões de enlace específico no SNC. A calcitonina reduz a secreção
gástrica e pancreática exócrinas, pelo qual tem demonstrado utilidade no
tratamento da pancreatite aguda.Comprovou-se uma ação mais prolongada da
calcitonina sintética de salmão que da humana, devido a uma maior afinidade da
primeira pelos sítios de ligação aos receptores. Sua biodisponibilidade é de
70% após a injeção IM ou SC e as concentrações plasmáticas máximas obtêm-se uma
hora após a sua administração. Noventa e cinco porcento da calcitonina e seus
metabólitos são excretados por via renal; quanto à via nasal, e em termos de
atividade biológica, é a metade que é administrada por via IM ou SC. As
diversas classes de calcitonina sintetizam-se em sistemas biológicos mediante
engenharia genética. A classificação mais útil responde a origem do gene
utilizado; até a presente data sintetizam-se calcitonina humana e calcitoninas
não humanas (de salmão, de enguia, de suíno). Se bem todos os tipos de
hormônios possuam ações similares, sabe-se que a calcitonina de salmão tem uma
potência maior por miligrama de proteína que a calcitonina humana e, também,
uma ação mais duradoura.Por outro lado, observou-se que a calcitonina humana
não produz reações alérgicas nem sensibilização após longos períodos de
tratamento, no entanto as calcitoninas não-humanas podem provocar reações
alérgicas severas ou diminuição da ação devido à formação de anticorpos
neutralizantes.
Indicações.
Enfermidade óssea de Paget
especialmente em pacientes com ostalgias, complicações neurológicas, incremento
no metabolismo ósseo, fraturas incompletas ou repetidas. Osteoporose: em fases
iniciais ou avançadas da osteoporose pós-menopáusica. Osteoporose senil e
secundária. Hipercalcemias e crises hipercalcêmicas por osteólise tumoral
secundária à carcinoma de mama, pulmão, rim, mieloma e outras doenças malignas.
Hiperparatireoidismo.
Posologia.
Sua atividade biológica é expressada
em unidades internacionais (UI). Enfermidades de Paget: dose de ataque
recomendada; 100UI diárias por via IM ou SC, mantida até normalizar os parâmetros
bioquímicos e remissão da sintomatologia clínica. Deve-se controlar o
tratamento pela atividade sérica da fosfatase alcalina; essa diminui à medida
que o tratamento avança até atingir 40% ou 50% do valor inicial. Isso ocorre
nos primeiros meses de tratamento, também com remissão da dor óssea; essa
melhora pode ser mantida com doses de 50UI diárias ou em dias alternados. A
sintomatologia neurológica requer habitualmente tratamentos mínimos de um ano
para sua melhora; nos pacientes com predomínio das manifestações neurológicas
ou deformação óssea, deve-se continuar com a dose de 100UI.Via nasal: 200UI em
dose única ou em várias doses. Em alguns casos pode ser necessário aumentar a
dose para 400UI; em ambas as vias de administração continua-se o tratamento durante
três meses no mínimo. Hipercalcemia: a dose deve ser ajustada ao grau de
hipercalcemia e à resposta do paciente. Dose recomendada: começar com 4UI/kg
cada 12 horas por via SC ou IM; se não houver resposta em 24 ou 48 horas,
aumentar a dose para 8UI/kg cada 12 horas, até um máximo de 8UI/kg cada 6
horas. Osteoporose pós-menopáusica: dose recomendada 100UI diários, via SC ou
IM, em conjunto com cálcio (600mg de cálcio elementar por dia) e vitamina D
(400 unidades por dia). Demonstrou-se que os tratamentos cíclicos são
eficientes. Via nasal: 100UI a 200UI por dia ou em dias alternados em dose
única ou divididas em várias doses.Dor associada aos processos metastásicos
ósseos: 200UI cada 6 horas durante 48 horas, por via SC ou IM, podem aliviar os
sintomas durante uma semana ou mais. Se não ocorrer melhora dos parâmetros
bioquímicos após 10 dias de iniciado o tratamento, suspendê-lo e instaurar uma
terapêutica alternativa se isso for possível.
Superdosagem.
Os efeitos agudos de doses superiores
a 32UI por quilograma e por dia são náuseas e vômitos. Não há dados suficientes
para estimar a toxicidade a longo prazo.
Reações adversas.
Em aproximadamente 10% dos casos foram
descritas náuseas (no início do tratamento) ou inflamação na região da injeção,
em poucas ocasiões apareceram erupções cutâneas. Raramente foram assinalados
poliúria e calafrios, esses efeitos geralmente desaparecem com a diminuição da
dose. Descrevem-se reações isoladas, de tipo anafilática, como taquicardia,
hipotensão e colapso; a administração por via nasal apresenta menos efeitos
secundários.
Precauções.
Para prevenir reações de
hipersensibilidade, recomenda-se realizar a prova de sensibilidade à
calcitonina quando a calcitonina não-humana for empregada. É conveniente
realizar uma avaliação periódica da função renal durante o tratamento; não é
recomendada sua utilização durante a gravidez e lactação. Em pacientes com
rinite crônica deve-se controlar quando a administração for realizada por via
intranasal. A administração de calcitonina pode levar à hipocalcemia tetânica.
Deve-se considerar a provisão de preparações injetáveis de cálcio durante as
primeiras administrações de calcitonina. Os transtornos ósseos referidos na
literatura, como enfermidade juvenil de Paget, são de aparição anedótica.A
utilização de calcitonina nessas crianças não foi estudada. Os dados atuais não
apoiam a suplementação desses hormônios em crianças.
Contraindicações.
Gravidez e lactação. Não são
conhecidas outras contraindicações para a administração de calcitonina humana.
A administração de calcitonina de origem não-humana deve ser evitada naqueles
pacientes que apresentem alergia clínica às calcitoninas não-humanas.
Observaram-se reações graves, inclusive choque anafilático. A realização de uma
prova cutânea, em especial em pacientes com suspeita de sensibilidade à
calcitocina, é recomendável antes de se administrar calcitocina não-humana. A
prova pode ser realizada da seguinte maneira: preparar uma solução (diluente:
solução fisiológica estéril) da calcitocina em questão para que possua um
título de 10UI por mililitro. Injetar na face anterior do antebraço, por via
intradérmica, 0,1 ml da solução anterior. Observar durante 15 minutos. A
aparição de um eritema maior a moderado indica sensibilização positiva.