Ações terapêuticas.
Anti-hipertensivo.
Propriedades.
Trata-se de um antagonista de cálcio
(nifedipino, anlodipino) cuja estrutura química corresponde às
1,4-di-hidropiridinas, que possui afinidade pela musculatura lisa vascular. De
modo semelhante a todos os antagonistas do cálcio, atua bloqueando os canais de
cálcio das células do músculo liso da parede arterial, reduz a resitência
periférica e provoca redução da pressão arterial. Após sua administração por
via oral, é totalmente absorvido pela mucosa do trato digestivo, ingressa no
sangue e liga-se em alta proporção (89% a 95%) a proteínas plasmáticas. O
metabolismo parece ser efetuado pela isoenzima CYP3A4, possui meia-vida
prolongada (20 horas) e é eliminada pelas fezes (60%) e urina (40%).
Indicações.
Hipertensão arterial leve a moderada.
Posologia.
A dose (inicial) recomendada é de 10
mg uma vez ao dia, no período da manhã. Caso necessário, esta dose pode ser
aumentada para 20 mg, uma vez ao dia. A decisão de aumentar a dose deverá ser
tomada exclusivamente após haver-se alcançado a estabilidade completa após a
dose inicial, o que em geral ocorre após transcorrido um período mínimo de 3 a
6 semanas. Pacientes idosos: não é necessário reajuste de dose em pacientes
idosos, mas é aconselhável tomar cuidados especiais no início do tratamento.
Pacientes com disfunção renal: em pacientes com disfunção renal leve a
moderada, é necessário precaução ao aumentar a dose de 10 mg para 20 mg uma vez
ao dia. Combinações: pode-se utilizar a barnidipina em conjunto com
b-bloqueadores ou com inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA).
Superdosagem.
Não foram descritos casos de
superdose. Sintomas de intoxicação: em geral, os sintomas clínicos após uma
dose excessiva de antagonistas de cálcio sobrevêm dentro de 30 a 60 minutos
após a administração de uma dose entre cinco e dez vezes superior à dose
terapêutica. Teoricamente pode-se esperar a ocorrência de hipotensão, efeitos
eletrofisiológicos (bradicardia sinusal, retardo da condução no nó A-V,
bloqueio atrioventricular de segundo e terceiro graus), sintomas
gastrintestinais (náuseas e vômitos) e efeitos metabólicos (hiperglicemia).
Tratamento da intoxicação: indica-se instaurar tratamento sintomático e
monitoração contínua do ECG. Caso ocorra ingestão de dose excessiva, deve-se
proceder a uma lavagem gástrica tão prontamente quanto possível. Deve-se
administrar cálcio por via intravenosa à razão de 20 mg de cloreto de cálcio
por kg de peso (0,2 ml de uma solução de cloreto de cálcio a 10%), em um
período de 5 minutos, conforme seja necessário e até uma dose máxima total de 1
g de cloreto de cálcio.Com isto haverá melhora da contratilidade do miocárdio,
do ritmo sinusal e da condução atrioventricular. Este tratamento pode ser
repetido a cada 15 a 20 minutos (até um total de 4 doses), conforme a resposta
do paciente. Os níveis plasmáticos de cálcio devem ser monitorados.
Reações adversas.
Em estudos clínicos comparativos foram
observadas as seguintes reações adversas em mais de cerca de 1% dos pacientes:
edema periférico, rubor, dores de cabeça, enjoos/vertigenes, palpitações. Os
sintomas tendiam a diminuir ou a desaparecer com a continuação do tratamento
(em cerca de um mês para o edema periférico e de duas semanas para o rubor, a
cefaleia e as palpitações). As erupões cutâneas e uma elevação (reversível) nas
concentrações de fosfatase alcalina e transaminases séricas são reações
adversas conhecidas de outras di-hidropiridinas. Embora ainda não tenha sido
observado, é de interesse considerar a possibilidade de desenvolvimento de
hiperplasia gengival, um efeito adverso que aparece com o uso de outros
fármacos diidropiridínicos. Alguns compostos desta classe podem, raramente,
propiciar aparecimento de dor precordial ou a angina pectoris. Muito
raramente os pacientes com angina pectoris preexistente poderiam
apresentar aumento da frequência, duração ou gravidade desses episódios.
Precauções.
Recomenda-se utilizar a barnidipina
com precaução em pacientes com disfunção renal leve a moderada (clearance de
creatinina entre 10 ml/min. e 80 ml/min.). A combinação de um antagonista do
cálcio com um fármaco que exerça um efeito inotrópico negativo pode provocar
descompensação cardíaca, hipotensão e infarto do miocárdio (adicional) em
pacientes de alto risco (por exemplo, pacientes com antecedentes de infarto do
miocárido). Assim como ocorre com outras di-hidropiridinas, deve-se utilizar
com precaução em pacientes com disfunção ventricular esquerda, em pacientes que
apresentam obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo e em pacientes com
descompensação cardíaca direita isolada (por exemplo, cor pulmonale). Além
disto, recomenda-se precaução quando o fármaco é administrado a pacientes com
distúrbios da função sinusal (caso não haja marca-passos in situ).
Estudos in vitro indicam que o fármaco é metabolizado pelo citocromo
P-450 3A4 (CYP3A4).Não foram realizados estudos de interação in vivo a
respeito do efeito dos fármacos que inibem ou induzem as enzimas do citocromo
P-450 3A4 sobre a farmacocinética da barnidipina. Com base nos resultados
obtidos em estudos in vitro, deve-se ter precaução ao prescrever
barnidipina simultaneamente com fármacos que induzem ou inibem a enzima CYP3A4.
Interações.
A administração concomitante de
barnidipina com outros agentes anti-hipertensivos pode acarretar um efeito
anti-hipertensivo adicional. Os dados in vitro mostram que a
ciclosporina pode inibir o metabolismo da barnidipina. Com base nos resultados
destes estudos de interação in vitro, não é prudente prescrever
barnidipina juntamente com inibidores da enzima CYP3A4, tais como inibidores da
protease do HIV, cetoconazol, itraconazol, eritromicina, claritromicina,
fluoxetina e diltiazem. Nestes casos, não se recomenda aumentar a dose de
barnidipina a 20 mg. A administração concomitante de cimetidina em um estudo
específico de interação causou, em termos médios, uma duplicação dos níveis
plasmáticos de barnidipina. Isto deve ser levado em conta no momento de
aumentar a dose de 10 mg a 20 mg. Quando se administra barnidipina
simultaneamente com fármacos indutores enzimáticos como fenitoína,
carbamazepina e rifampicina, pode ser necessário utilizar doses mais altas da
barnidipina.Se o paciente interromper o tratamento com o indutor enzimático, é
necessário reavaliar e eventualmente reduzir a dose de barnidipina. Com base
nos resultados de alguns estudos de interação in vitro, entre outros com
sinvastatina, metoprolol, diazepam e terfenadina, é improvável que a
barnidipina tenha efeito sobre a farmacocinética de outros fármacos
metabolizados pela isoenzima do citocromo P-450. Um estudo de interação in
vivo demonstrou que a barnidipina não tem influência sobre a
farmacocinética da digoxina. Em um estudo específico de interação com álcool
etílico observou-se aumento dos níveis plasmáticos de barnidipina (40%). Este
aumento pode ser considerado como clinicamente não-relevante. Como ocorre com
todos os agentes vasodilatadores e anti-hipertensivos, deve-se ter precaução
quando da ingestão simultânea de álcool, pois pode haver potenciação de seus
efeitos.Do mesmo modo como com outras di-hidropiridinas, os níveis sanguíneos
da barnidipina poderiam estar aumentados pelo uso combinado com inibidores
potentes do CYP3A4 (resultados dos estudos de interação in vitro).
Portanto, o medicamento não deverá ser empregado simultaneamente com antivirais
inibidores de proteases, cetoconazol, itraconazol, eritromicina e
claritromicina. Crianças: não há informações disponíveis em crianças
(indivíduos com idade inferior a 18 anos); assim, a barnidipina não deve ser
administrada neste grupo etário.
Contraindicações.
Hipersensibilidade conhecida a um ou
mais dos componentes do medicamento ou a alguma outra di-hidropiridina.
Insuficiência hepática. Disfunção renal grave (clearance de creatinina < 10
ml/min). Angina de peito instável e infarto agudo do miocárido (nas primeiras 4
semanas). Insuficiência cardíaca não-tratada. Uso durante a lactação: os
resultados dos ensaios em animais demonstraram que a barnidipina (ou seus
metabólitos) são eliminados no leite materno. Portanto, desaconselha-se a
amamentação no período de tratamento. Efeitos sobre a capacidade de dirigir
automóveis e utilizar máquinas: não há dados sugestivos de uma possível
interferência negativa sobre a habilidade de dirigir e utilizar máquinas. Não
obstante, deve-se ter precaução com essas atividades, pois existe a
possibilidade de ocorrerem enjoos/vertigens durante o tratamento com
anti-hipertensivos.