Ações terapêuticas.
Imunossupressor.
Propriedades.
O tacrolimo é um macrolídeo produzido
pelo Streptomyces tsukubaensis com atividade imunossupressora. Inibe a
ativação dos linfócitos T, porém não se conhecem os detalhes exatos de seu
mecanismo de ação. Evidências experimentais sugerem que o fármaco liga-se a uma
proteína intracelular denominada FKBP-12; o complexo formado tacrolimo-FKBP-12
inibe a atividade fosfatase de outra proteína citosólica, a calcineurina, e
previne assim a formação do fator nuclear de ativação dos linfócitos T (NF-AT).
Este fator, situado no núcleo da célula, tem como função iniciar a transcrição
do gene de algumas interleucinas, entre elas as interleucinas 2 e 3 e a
gamainterferona. O resultado final da ação do tacrolimo é a inibição da
atividade linfocitária, com o que se evita a rejeição de transplantes e aumenta
a sobrevida dos transplantes de fígado, coração, rim, medula óssea, pâncreas,
pulmão, traqueia, pele e córnea realizados em animais. Além disto,
demonstrou-se que também suprime a atividade dos linfócitos B, assim como a
expressão do receptor para interleucina 2.A absorção oral de tacrolimo é
variável e a presença de alimentos diminui sua absorção gastrintestinal em
aproximadamente 27%. Apresenta união às proteínas plasmáticas, principalmente
albumina e glicoproteína, e apresenta uma acentuada união com os eritrócitos. O
tacrolimo é metabolizado no fígado, primariamente pelo sistema do citocromo
P-450, e somente cerca de 1% é excretado por via renal na forma de droga ativa.
Indicações.
Imunossupressão primária em indivíduos
receptores de transplantes alogênicos de fígado e rim. Rejeição do transplante
do enxerto alogênico de fígado e rim, resistente ao tratamento imunossupressor
convencional. Dermatite atópica (como fármaco de segunda linha e para
tratamentos curtos) moderada ou grave em adultos e crianças não imunocomprometidos,
nos que pacientes em que outros tratamentos tenham sido ineficazes.
Posologia.
A dose deve ser ajustada às
necessidades de cada paciente, recomendando-se a administração concomitante de
corticoides. Imunossupressão primária em indivíduos receptores de
transplantes alogênicos de fígado e rim. Adultos e idosos: dose intravenosa
inicial: 0,05-0,1 mg/kg administrada por infusão contínua durante um
período de 24 horas, iniciando-se aproximadamente 6 horas após finalizada a
cirurgia. Dose oral inicial: 0,15-0,3 mg/kg ao dia administrada em duas
tomadas, a cada 12 horas. Crianças: dose intravenosa inicial: 0,1 mg/kg
administrada por infusão contínua durante um período de 24 horas, com início
aproximadamente 6 horas após finalizada a cirurgia. Dose oral inicial:
0,3 mg/kg ao dia administrada em duas tomadas, a cada 12 horas. Pacientes
com insuficiência renal ou hepática. Adultos e idosos: dose intravenosa inicial:
0,05 mg/kg administrada por infusão contínua durante um período de 24 horas,
com início aproximadamente 6 horas após finalizada a cirurgia. Dose oral
inicial: 0,15 mg/kg ao dia administrada em duas tomadas, a cada 12 horas.No
caso de pacientes com oligúria pós-operatória, o tratamento deve ser iniciado
após 48 horas de finalizada a cirurgia ou mais tardiamente. Uso tópico:
aplicar o unguento (0,03%-0,1%) 2 vezes ao dia. Não se deve aplicar oclusão
sobre o creme.
Reações adversas.
Incluem tremor, cefaleia, aumento da
suscetibilidade para adquirir infecções virais, bacterianas, micóticas ou
parasitárias, parestesias, alterações da função renal, hipertensão arterial e
hipoglicemia. Ocasionalmente, registraram-se casos de diarreia, elevação da
concentração de creatinina plasmática, insônia, diabetes mellitus, dor
torácica, náuseas, acidose, anemia, alterações da coagulação, trombocitopenia,
leucocitosis, leucopenia, pancitopenia, hipopotassemia e hiperpotassemia,
hiperuricemia, diminuição dos níveis de cálcio, magnésio, fosfato e sódio no
sangue, aumento das enzimas hepáticas, icterícia, incremento da azotemia,
transtornos gastrintestinais, assim como também respiratórios, cutâneos e
cardiovasculares. Além disso foram referidas cardiomiopatias hipertróficas,
especialmente em crianças, artralgias, astenia, queda do estado geral, febre,
ginecomastia, hipertonia, espasmos, cãibras nas pernas, dores localizadas,
edema periférico, vasodilatação, choque, disfunção renal discreta, síndrome
urêmica hemolítica e necrose tubular.
Precauções.
A prescrição e modificação das doses
de tacrolimo deve ser realizada por médicos com experiência no manejo de
pacientes transplantados.
Interações.
Existe interação com substâncias que
são metabolizadas pelo sistema enzimático do citocromo P-450 microssômico em
nível hepático, visto que o tacrolimo é amplamente metabolizado por este
sistema.
Contraindicações.
Gravidez, hipersensibilidade ao
fármaco e a outros macrolídeos.