Ações terapêuticas.
Antimiastêmico, colinérgico inibidor
da colinesterase.
Propriedades.
É um composto sintético de amônio
quaternário que inibe a degradação da acetilcolina pela acetilcolinesterase,
facilitando, assim, a transmissão de impulsos na união neuromuscular. Contudo
tem um efeito colinérgico sobre o musculoesquelético e também pode atuar sobre
as células dos gânglios autônomos e neurônios do sistema nervoso central (SNC).
Evita ou alivia a distensão pós-operatória, estimulando a motilidade gástrica e
aumentando o tônus gástrico, o que representa uma associação de ações das
células ganglionares do plexo de Auerbach e nas fibras musculares, como
resultado da não degradação da acetilcolina liberada pelas fibras colinérgicas
pré-ganglionares e pós-ganglionares. Seu efeito antimiastênico é produzido como
consequência da potencialização do efeito máximo e da maior duração da acetilcolina
na placa motora que o fármaco produz. Absorve-se escassamente no trato
gastrintestinal e com rapidez por via intramuscular. Por isso, as doses orais
são muito maiores que por via parenteral: 15 mg por via oral equivalem a 0,5 mg
administrados por via parenteral.Sua união às proteínas é baixa, metaboliza-se
no fígado e alcança seu efeito máximo aos 20 ou 30 minutos de sua administração
parenteral. Aproximadamente 40% são excretados por via renal.
Indicações.
Tratamento da miastenia grave. A
neostigmina parenteral é indicada no tratamento da retenção urinária
pós-operatória não obstrutiva; também pode ser indicada como antídoto da
tubocurarina e de outros bloqueadores neuromusculares não despolarizantes.
Posologia.
A dose deve ser individualizada, conforme
a gravidade da patologia e a resposta do paciente. Na miastenia grave,
requer-se terapêutica diurna e noturna. A maior quantidade da dose total diária
pode ser ingerida nos períodos de maior fadiga, como à tarde ou nas refeições.
Após um tratamento prolongado, os pacientes miastênicos tornam-se refratários a
estes medicamentos. Sua administração por via oral com alimentos ou leite pode
diminuir os efeitos colaterais muscarínicos. Dose usual para adultos, como
antimiastênico. Dose inicial: oral, 15 mg a cada 3 ou 4 horas, ajustando a dose
e a frequência conforme necessidade. Dose de manutenção: oral, 150 mg
administrados durante um período de 24 horas. Doses pediátricas usuais: oral, 2
mg/kg ou 60 mg/m 2 ao dia, divididos em 6 ou 8 ingestões. Injetável,
dose usual para adultos (antimiastênico): 0,5 mg, e as doses posteriores serão
avaliadas conforme a resposta do paciente (antimiastênico).Como preventivo da
distensão pós-operatória ou da retenção urinária: 0,25 mg após a cirurgia,
repetidos a intervalos de 4 a 6 horas, durante 2 ou 3 dias. Doses pediátricas
usuais - como antimiastênico: 0,01-0,04 mg/kg a intervalos de 2 a 3 horas.
Reações adversas.
São de incidência baixa mas, quando
aparecem, requerem atenção médica: visão turva, diarreia grave, náuseas,
vômitos, bradicardia, cãibras, gastralgia, cansaço ou debilidade não habituais
(por efeito muscarínico), aumento da secreção brônquica, sialorreia e
lacrimejamento não habituais. Nos pacientes miastênicos, o aumento da
debilidade muscular pode ser produzido por dose baixa ou resistência à
medicação. Pode ser difícil distinguir as crises colinérgicas das miastênicas
baseando-se apenas nos sintomas, já que o principal sintoma comum a ambas é a
debilidade muscular generalizada. A debilidade iniciada 1 hora após a
administração da droga deve-se provavelmente a uma superdosagem, enquanto a
produzida depois de 3 horas ou mais da administração deve-se possivelmente a
doses baixas ou resistência à droga.
Precauções.
Quando administrado por via IV, pode
provocar irritabilidade uterina e induzir partos prematuros em mulheres no
final da gravidez. Mediante quadros de diarreia com infecção intestinal, o
tratamento deverá ser suspenso. Pode aumentar as secreções brônquicas,
agravando quadro de asma brônquica. Aumenta o risco de arritmias cardíacas.
Interações.
A ação bloqueadora neuromuscular de
anestésicos orgânicos por inalação (clorofórmio, enflurano, halotano,
metoxiflurano ou ciclopropano), bem como a dos anestésicos locais por via
parenteral, pode antagonizar o efeito antimiastênico da droga. Pode-se usar
atropina para reduzir ou evitar efeitos muscarínicos da neostigmina;
entretanto, o uso simultâneo rotineiro não é recomendado, dado que os efeitos
muscarínicos podem ser os primeiros sinais de superdosagem. Não é recomendável
o uso simultâneo de outros inibidores da colinesterase, devido à possibilidade
de ototoxicidade.
Contraindicações.
Geralmente, não são descritas. Deverá
ser tomada precaução especial nos casos de asma brônquica ou bronquite
espástica.