Ações terapêuticas.
Imunossupressor.
Propriedades.
Trata-se de um agente imunossupressor
empregado na profilaxia e no tratamento da rejeição de órgãos resistentes em
pacientes submetidos a alotransplante renal. Seu mecanismo de ação deve-se ao
efeito inibidor da enzima inosinomonofosfato-desidrogenase (IMPDH). O
micofenolato é empregado na forma de mofetil e sempre é indicado em associação
com corticosteroides e ciclosporina.
Posologia.
Dose para a profilaxia da rejeição: a
dose inicial deve ser administrada por via oral, dentro das 72 horas seguintes
ao transplante. Recomenda-se uma dose de 1 grama, duas vezes ao dia (dose
diária de 2 gramas) nos transplantados renais. Apesar de que em ensaios
clínicos uma dose de 1,5 g duas vezes ao dia (dose diária de 3 gramas) foi
segura e eficaz, não foi possível demonstrar qualquer vantagem quanto a sua
eficácia. Nos pacientes tratados com 2 gramas diários, o perfil toxicológico
global era melhor do que naqueles tratados com 3 gramas diários. O micofenolato
deve ser utilizado juntamente com ciclosporina e corticosteroides. Dose para o
tratamento da rejeição resistente: nos ensaios clínicos, utilizou-se uma dose
de 1,5 grama duas vezes ao dia (dose diária 3 gramas) para o tratamento inicial
da rejeição resistente e para o tratamento de manutenção. Assim, é esta dose
recomendada para estes pacientes. O micofenolato deve ser utilizado com
ciclosporina e corticosteroides.Regimes posológicos especiais: em caso de
neutropenia (contagens absolutas de neutrófilos < 1,3 por 10 3/l),
sua administração deve ser interrompida ou a dose deve ser reduzida. Uso em
pacientes com insuficiência renal grave: em pacientes com comprometimento renal
crônico grave (filtração glomerular < 25 ml/min por 1,73 m 2),
devem evitar-se doses superiores a 1 grama duas vezes ao dia fora do período
imediatamente posterior ao transplante. Estes pacientes devem ser observados
cuidadosamente. Não são necessários ajustes posológicos em pacientes com
deficiência funcional do órgão transplantado no pós-operatório. Uso em
crianças: não se estabeleceu a segurança e a eficácia em pacientes
pediátricos. Os dados farmacocinéticos sobre os transplantes renais disponíveis
em pediatria são muitos limitados.
Superdosagem.
Até o momento não há descrição de
qualquer caso de superdose com micofenolato-mofetil em seres humanos. O MPA não
pode ser removido através de hemodiálise. Não obstante, quando as concentrações
plasmáticas de MPAG são altas (> 100 g/ml), pequenas quantidades deste
ácido são removidas. O MPA pode ser extraído por aumento da eliminação do
fármaco com o emprego de seqüestrantes de ácidos biliares, como a
colestiramina.
Reações adversas.
O perfil toxicológico associado ao
emprego de fármacos imunossupressores é frequentemente difícil de ser
estabelecido, devido à presença de uma doença subjacente e ao uso simultâneo de
muitos outros medicamentos. As principais reações adversas relatadas foram
diarreia, leucopenia, vômitos, cefaleias, astenia e artromialgias.
Precauções.
Igualmente a qualquer tratamento
imunossupressor com associações de fármacos, os pacientes que recebem
micofenolato como parte de um regime imunossupressor apresentam maior risco de
linfomas e outras doenças malignas especialmente na pele. O risco parece estar
mais relacionado com a intensidade e a duração da imunossupressão do que com o
uso de um fármaco em particular. A supressão excessiva do sistema imunitário
pode acarretar também aumento da vulnerabilidade a infecções. Gravidez e
lactação: há relatos de efeitos adversos no desenvolvimento fetal (inclusive
má-formações) quando este fármaco foi administrado a ratas e coelhas prenhes
durante a organogênese. Apesar da inexistência de estudos adequados e bem
controlados em mulheres grávidas, o micofenolato somente deve ser utilizado
durante a gestação se os benefícios esperados forem maiores do que o risco
potencial para o feto.
Interações.
Aciclovir: observaram-se concentrações
plasmáticas do glicuronídeo fenólico do ácido micofenólico (MPAG) e aciclovir
mais altas após a administração do micofenolato-mofetil com aciclovir do que
com qualquer destes fármacos separadamente. Dado que as concentrações
plasmáticas de MPAG e aciclovir aumentam quando a função renal está comprometida,
existe a possibilidade de que os dois fármacos compitam entre si pela secreção
tubular e, consequentemente a concentração de ambos eleve-se ainda mais.
Antiácidos contendo hidróxido de magnésio e alumínio: a absorção do
micofenolato-mofetil sofre diminuição pela administração juntamente com
antiácidos. Colestiramina: após administração de uma dose única de 1,5 g de
micofenolato-mofetil em indivíduos sadios tratados previamente com 4 g de
colestiramina 3 vezes ao dia durante 4 dias, a área sob a curva (AUC) em
gráfico concentração x tempo micofenólico (MPA, o metabólito ativo do
micofenolato-mofentil) mostrou-se reduzida em cerca de 40%.Ciclosporina A: a
farmacocinética da ciclosporina A não sofreu variações sob influência do
micofenolato-mofetil. Ganciclovir: não se observou nenhuma interação
farmacocinética entre o micofelonato-mofetil e o ganciclovir intravenoso.
Anovulatórios orais: não se observou nenhuma interação farmacocinética entre o
micofenolato-mofetil e a associação de noretisterona (1 mg) e etinilestradiol
(35 g). Este estudo de dose única deixa clara a ausência de interações
farmacocinéticas importantes, porém não permite descartar a possibilidade da
ocorrência de modificações farmacocinéticas dos anovulatórios orais em
tratamento de longa duração com o micofenolato, o que poderia influir
adversamente na eficácia dos contraceptivos. Trimetoprima/sulfametoxazol: não
se observou nenhum efeito sobre a biodisponibilidade do MPA. Outras interações:
a administração conjunta de probenecida e micofenolato-mofetil em macacos eleva
ao triplo o valor da AUC do MPAG.Consequentemente, outros fármacos que sofrem
secreção tubular renal podem competir com o MPAG e assim provocar aumento das
concentrações plasmáticas de MPAG ou do outro fármaco sujeito a secreção
tubular.
Contraindicações.
Hipersensibilidade ao
micofenolato-mofetil ou ao ácido micofenólico.