Ações
terapêuticas.
Antimuscarínico.
Antiarrítmico (parenteral).
Propriedades.
É uma
amina terciária natural que inibe as ações muscarínicas da acetilcolina sobre
as estruturas inervadas por fibras colinérgicas pós-ganglionares, tal qual
sobre os músculos lisos que respondem à acetilcolina, porém que não apresentam
inervação colinérgica. Estes receptores pós-ganglionares estão presentes nas
células efetoras autônomas do músculo liso, músculo cardíaco, nódulos
sinoauricular e auriculoventricular e glândulas exócrinas. Dependendo da dose
pode reduzir a motilidade e a atividade secretora do sistema gastrintestinal e
o tônus do ureter e da bexiga, com ligeira ação relaxante sobre os condutos
biliares e a vesícula biliar. Inibe as secreções bronquiais e salivares, a
sudoração e a acomodação, produz dilatação da pupila e aumenta a frequência
cardíaca. Antagoniza as ações dos inibidores da colinesterase nos receptores
muscarínicos. Estimula ou deprime o SNC conforme a dose. É absorvido com
rapidez no trato gastrintestinal; o metabolismo é hepático por hidrólise
enzimática. Sua união às proteínas é moderada.A duração da ação por via oral é
de 4 a 6 horas e na forma parenteral muito breve. É excretado por via renal.
Indicações.
Doenças
espásticas do trato biliar, cólico-ureteral ou renal. Bexiga neurogênica
hipertônica. Profilaxia de arritmias induzidas por intervenções cirúrgicas.
Bradicardia sinusal grave, bloqueio A-V do tipo I.
Posologia.
Em doses
de 0,5 a 1 mg é um ligeiro estimulante do SNC, doses superiores podem produzir
perturbações mentais. A dose mortal de atropina para crianças pode ser de 10
mg. Dose para adultos como antimuscarínico: 0,3 mg a 1,2 mg com intervalos de 4
a 6 horas. Doses para crianças: 0,01 mg/kg sem ultrapassar 0,4 mg a cada 4 a 6
horas. Ampolas: adultos, via IM, IV ou SC, 4 mg a 0,6 mg a cada 4 a 6 horas; em
arritmias: 0,4 mg a 1 mg a cada 1 a 2 horas, até um máximo de 2 mg. Como
inibidor da colinesterase: IV, 2 a 4 mg, seguidos de 2 mg repetidos com
intervalos de 5 a 10 minutos, até o desaparecimento dos sintomas muscarínicos.
Dose para crianças como antimuscarínico: SC, 0,01 mg/kg, sem ultrapassar 0,4 mg
a cada 4 a 6 horas. Em arritmias: IV, 0,01 a 0,03 mg/kg.
Reações
adversas.
São de
rara incidência: confusão (em especial em idosos), enjoos, erupção cutânea,
secura na boca, nariz, garganta ou pele; visão turva, sonolência ou cefaleia;
fotofobia, náuseas ou vômitos. Sinais de superdose: visão turva, torpez,
instabilidade, taquicardia, febre, alucinações, excitação.
Precauções.
Os
lactentes, pacientes com síndrome de Down e crianças com paralisia espástica ou
lesão cerebral podem apresentar uma resposta aumentada aos antimuscarínicos,
com aumento do potencial de efeitos colaterais. Os pacientes geriátricos ou
debilitados podem responder às doses habituais com excitação, agitação,
sonolência e confusão. Ter cautela ante a aparição de enjoos, sonolência ou
visão turva. A administração IV de atropina durante a gravidez ou em seu
término, pode produzir taquicardia no feto. Deve ser avaliada a relação
risco-benefício durante o período de lactação, já que esta droga é excretada no
leite materno. As crianças até 2 anos e os lactentes são sensíveis aos efeitos
tóxicos. A diminuição do fluxo salivar contribui ao desenvolvimento de cáries,
doença periodontal, candidíase oral e mal-estar.
Interações.
Haloperidol,
corticoides e ACTH de forma simultânea com atropina podem aumentar a pressão
intraocular; a eficácia antipsicótica de haloperidol pode diminuir nos
pacientes esquizofrênicos. Os inibidores da anidrase carbônica, o citrato e o
bicarbonato de sódio podem retardar a excreção urinária de atropina,
potencializando os efeitos terapêuticos ou colaterais. Os efeitos
antimuscarínicos são intensificados com o uso simultâneo de anti-histamínicos,
amantadina, procainamida, tioxantenos, loxapina, orfenadina e ipratrópio. Os
antimiastênicos podem diminuir mais a motilidade intestinal. A administração
simultânea IV de ciclopropano pode produzir arritmias ventriculares. A
guanetidina ou a reserpina podem antagonizar a ação inibidora dos
antimuscarínicos. A atropina pode antagonizar os efeitos da metoclopramida
sobre a motilidade gastrintestinal. Os inibidores da monoaminoxidase (IMAO)
podem intensificar os efeitos colaterais muscarínicos.
Contraindicações.
Deve ser
avaliada a relação risco-benefício na presença de lesões cerebrais em crianças,
cardiopatias, síndrome de Down, esofagite por refluxo, febre, glaucoma de
ângulo fechado, disfunção hepática ou renal, paralisia espástica em crianças,
miopatia obstrutiva, xerostomia, neuropatia autonômica e taquicardia, toxemia
gravídica, hipertensão e hipertireoidismo.