Ações
terapêuticas.
Tratamento
da disfunção erétil.
Propriedades.
A
apomorfina é um agonista dopaminérgico com afinidade pelos receptores D 1
e D 2 em determinados sítios do encéfalo que exercem papel na
ereção. A apomorfina não apresenta não apresenta atividade farmacológica narcótica
semelhante aos opioides. Os estudos in vivo demonstraram que os
receptores de dopamina medeiam os efeitos da apomorfina sobre a função erétil
em vários núcleos do hipotálamo e do mesencéfalo. Particularmente,
identificou-se o núcleo paraventricular do hipotálamo como seu local de ação.
Este sítio pode mediar os componentes autonômicos da excitação sexual. A
sinalização ocitocinérgica e do óxido nítrico poderia intervir na castala de de
eventuso neuronais provenientes da ação central da apomorfina. A apomorfina
atua como iniciador central da ereção e intensifica o estímulo pró-erétil. Os
efeitos eretogênicos da apomorfina provêm de uma intensificação dos sinais
neuronais centrais específicos para a resposta vascular
peniana.Farmacocinética: após administração sublingual, a apomorfina é
rapidamente absorvida, alcançando concentrações plasmáticas máximas em cerca de
40 a 60 minutos. Sua meia-vida de eliminação terminal aparente é de
aproximadamente 3 horas. Devido à magnitude de seu metabolimo de primeira
passagem (eliminação pré-sistêmica), o cloridrato de apomorfina exibe pequena
eficácia quando ingerido, obtendo-se por esta via uma atividade cerca de 1% a
2% apenas daquela observada quando a administração é feita por vias intravenosa
ou subcutânea. A biodisponibilidade da apomorfina administrada por via
sublingual, em comparação com a administração subcutânea, é de aproximadamente
17% a 18%. A apomorfina liga-se em cerca de 90% a proteínas plasmáticas,
principalmente a albumina. A união com proteínas independe da concentração no
intervalo entre 1,0 e 1.000 ng/ml, o que supera a faixa de concentrações
alcançada com as doses recomendadas. O fármaco se distribui com uma relação
sangue/plasma de aproximadamente 1.Metabolismo: a apomorfina é amplamente metabolizada,
principalmente por conjunção com o ácido glicurônico ou com sulfato, sendo em
menor grau metabolizada por N-desmetilação, dando origem a norapomorfina, que
por sua vez é convertida em conjugados glicuronídeos e sulfatados. O metabólito
principal detectado no plasma após dose única sublingual de apomorfina é o
sulfato de apomorfina.
Posologia.
Dose
inicial: 2 mg por via sublingual, em torno de 20 minutos antes de iniciar a
relação sexual. A dose máxima recomendada é de 3 mg. A administração de apomorfina
não deverá ser repetida antes de transcorridas 8 horas após a dose anterior. A
dose máxima de apomorfina deverá ficar limitada em 2 mg para pacientes com
insuficiência renal e/ou hepática grave.
Superdosagem.
A
apomorfina em doses elevadas pode provocar vômitos. Se o fármaco for ingerido,
a absorção da apomorfina será reduzida em função do metabolismo de primeira
passagem (eliminação pré-sistêmica). Não se conhecem antídotos específicos para
a apomorfina. Portanto, o tratamento deverá ser de suporte e sintomático.
Recomenda-se que os sinais vitais como a pressão sanguínea e a frequencia
cardíaca sejam monitorizados. Deverão ser tomadas medidas de precaução para
evitar a possibilidade de o paciente vir a apresentar hipotensão ortostática.
Eventualmente poderia ser administrado um antagonista dopaminérgico.
Reações
adversas.
Os
efeitos adversos associados com a apomorfina estão em geral relacionados com a
dose e são leves e transitórios. Com as doses recomendadas, os episódios
adversos são considerados toleráveis. Efeitos adversos com ocorrência superior
a 1%: cefaleia (6,7%), dor (1,7%), infecção (1,8%), vasodilatação (rubor)
(1,4%), náuseas (6,8%), enjoos (4,4%), sonolência (1,9%), faringite (2,2%),
rinite (2,8%), aumento da tosse (1,5%), bocejos (2%), sudação (1,2%), alteração
do paladar (1,3%). Em doses superiores às recomendadas, os episódios adversos
foram similares a estes, porém com maior frequência. Não foram observadas
anormalidades importantes em provas de laboratório. As seguintes alterações
esporádicas foram observadas em alguns pacientes: ECG alterado e extrassistolia
ventricular, alterações em provas de função hepática, albuminúria, hematúria,
hipercolesterolemia, hiperglicemia, hiperpotassemia, hiperlipidemia,
hipopotassemia, hipoglicemia, hiperuricemia e lucocitose.
Precauções.
Ocasionalmente
pode observar-se síndrome autonômica (síncope) vasovagal, a qual pode
manifestar-se como uma breve queda, autolimitante, da pressão arterial e causar
desmaio (incidência de < 2% quando a terapia é feita com as doses
recomendadas). Em geral a síndrome é observada nas primeiras 2 horas após a
administração. A maioria dos casos ocorreram após a primeira dose ou após um
aumento da dose. Não foram registrados episódios posteriormente em pacientes
que já haviam sofrido um desmaio e que continuaram com o tratamento. Não há
evidências de que a apomorfina provoque alterações persistentes da pressão
arterial. Praticamente todos os episódios de síncope (mais de 90%) foram
precedidos por sintomas prodômicos compreendendo um ou mais dos seguintes:
náuseas, vômitos, palidez, suores/ondas de calor (diaforese) e/ou
enjoos/vertigens de intensidade moderada a grave. Caso o paciente venha a
apresentar algum dos sintomas prodômicos acima, não deverá tentar pôr-se em pé,
mas sim deverá permanecer deitado com as pernas em nível mais alto do que a
cabeça até que os sintomas desapareçam.Nestes casos os pacientes deverão ser
instruídos a consultar seu médico antes de tomar outra dose do medicamento. Até
o momento não foram realizados estudos a respeito dos efeitos da apomorfina
sobre a habilidade de dirigir automóveis ou quanto à utilização de maquinaria.
Visto que alguns pacientes podem apresentar enjoos, vertigens e, mais
raramente, síncope, recomenda-se não dirigir veículos ou operar maquinarias
antes de pelo menos 2 horas após a administração ou até que qualquer daqueles
sintomas não tenha sido completamente superado. O fármaco deverá ser usado com
precaução em pacientes com hipertensão não-controlada, hipotensão conhecida ou
com antecedentes de hipotensão postural. Registratam-se casos de queda súbita
da pressão sanguínea após a administração de apomorfina. Os pacientes idosos
podem estar propensos a estas situações e são mais suscetíveis de algumas
consequências negativas. O uso da droga deverá ser efetuado com precaução em
pacientes sob tratamento com anti-hipertensivos ou nitratos devido à
possibilidade de sobrevir hipotensão.Deverá ser usada com precaução em
pacientes que apresentem comprometimento da função renal ou hepática. Os
agentes usados para o tratamento da disfunção erétil deverão ser empregados com
precaução em pacientes com alterações anatômicas do pênis (tais como angulação,
fibrose dos corpos cavernosos ou doença de Peyronie). Não foram avaliadas a
segurança e a eficácia da apomorfina em combinação com outros tratamentos da
disfunção erétil. Assim, não se recomenda o tratamento combinado.
Carcinogênese, mutagênese e interferência com a fertilidade: observaram-se
respostas positivas no ensaio de linfoma em camundongos e no ensaio de
citofenética. Estes resultados positivos foram reduzidos ou eliminados coma
suplementação do antioxidantes glutationa. A falta de glutationa in vivo
é rara, salvo em casos graves de comprometimento das enzimas metabolizadoras
hepáticas. Gravidez, lactação e uso em pediatria: a apomorfina não está
indicada para administração a neonatos, crianças ou mulheres.Não se sabe se a
apomorfina pode provocar lesão fetal em mulheres grávidas ou afetar a
capacidade reprodutiva. Igualmente não se sabe se passa para o leite materno.
Interações.
Os
estudos in vitro com microssomas hepáticas humanas indicaram que
concentrações elevadas de apomorfina inibem a atividade das isoformas CYP1A2,
CYP3A4 e CYP2D6. Não obstante, os valores de Cmáx (aproximadamente 1
ng/ml) após administração sublingual de 4 mg de apomorfina foram pelo menos
1.000 vezes inferiores aos da Ki para a atividade CYP1A2, CYP3A4 e
CYP2D6. Estes dados indicam não ser provável que a apomorfina, nas doses
recomendadas, iniba o metabolismo de outros fármacos por estas isoformas CYP. Não
se observou qualquer inibição significativa da atividade CYP2C9 ou CYP2C19 em
estudos in vitro empregando concentrações de apomorfina de até 100 M.
Os estudos in vitro demonstraram a participação de várias isoformas
P450, principalmente CYP1A2, CYP3A4 e CYP2C19, na N-desmetilação da apomorfina.
Devido ao fato de que a apomorfina é também metabolizada por sulfatação e
glicuronidação, não é presumível que outros compostos inibidores ou indutores
do citocromo P450 afetem a farmacocinética da apomorfina.Foram realizados
estudos sobre as interações entre apomorfina e anti-hipertensivos (inibidores
da enzima conversora de angiotensina, ECA), -bloqueadores, bloqueadores de
canais de cálcio e bloqueadores -1. O único achado significativo apareceu no
grupo de pacientes tratados com nitratos, em combinação com múltiplas
medicações de ação no aparelho cardiovascular. Uma fração destes pacientes (4
em 40) manifestou sintomas vasovagais e diminuições clinicamente significativas
da pressão arterial em posição ortostática após administração de apomorfina em
doses superiores às recomendadas (5 mg). Assim, a apomorfina deverá ser usada
com precaução quando administrada em combinação com nitratos. Estudos
envolvendo interações medicamentosas e/ou experiências clínicas demonstraram
que o cloridrato de ondansetrona, o maleato de proclorperazina e a domperidona
podem ser administrados concomitantemente com a apomorfina.Não foram realizados
estudos combinando a administração de apomorfina com outros antieméticos,
portanto não se recomenda o uso desse fármaco juntamente com outro
antieméricos. A apomorfina não deverá ser utilizada em combinação com outros
agonistas dopaminérgicos de ação central ou antagonistas, devido às possíveis
interações farmacodinâmicas. Até o presente não foram realizados estudos
formais de interação medicamentosa envolvendo apomorfina e outros agentes
utilizados no tratamento da disfunção erétil, ou agentes antidepressivos,
anticonvulsivantes e outros fármacos de ação central; não obstante, a experiência
clínica não apresentou nenhuma interação entre esses agentes. Estudos de
interação em voluntários aos quais administrou-se álcool concomitantemente à
apomorfina indicaram que a ingestão de álcool pode causar aumento na incidência
e no grau de hipotensão. Além disto, a ingestão de álcool pode causar
diminuição no desempenho sexual.
Contraindicações.
Hipersensibilidade
à apomorfina. Angina instável grave, infarto do miocárdio recente,
insuficiência cardíaca severa ou hipotensão, ou outras situações em que a
atividade sexual não seja aconselhável.