Ações
terapêuticas.
Antibiótico
aminoglicosídeo.
Propriedades.
A
amicacina é um antibiótico bactericida do grupo dos aminoglicosídeos, que atua
fundamentalmente sobre as bactérias Gram-negativas. Para chegar ao sítio de
ação, a amicacina atravessa: 1) a membrana externa das bactérias ao difundir-se
por poros formados por proteínas que se denominam porinas e 2) a membrana
citoplasmática, para o qual é necessária energia proveniente do transporte de
elétrons na membrana. Por último, une-se à subunidade 30 S dos ribossomos para
induzir uma leitura errônea do código genérico. Algumas evidências sugerem que
os aminoglicosídeos também poderiam inibir os processos de iniciação e
elongação da síntese de proteínas. A grande maioria das cepas bacterianas são
resistentes aos aminoglicosídeos, sintetizando enzimas (geralmente codificadas
por plasmídeos) que catalizam a inativação destas drogas. A amicacina, tal qual
outros aminoglicosídeos, é uma molécula grande carregada positivamente, razão
pela qual não é absorvida pela mucosa gastrintestinal nem atravessa com
facilidade a barreira hematoencefálica.É absorvida com rapidez logo após a
administração intramuscular e aproximadamente 91% é excretado sem modificação
por via urinária, sempre que a função renal for normal. A meia-vida de
eliminação é de 2 horas. Espectro útil da amicacina: bactérias Gram-negativas
incluindo Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli, Proteus
indol-positivos e indol-negativos, Providencia sp., Klebsiella,
Enterobacter, Serratia sp. e Acinetobacter.
Indicações.
Tratamento
a curto prazo de infecções graves por germes suscetíveis nos aparelhos urinário
e respiratório, ossos, intra-abdominais, na pele e tecidos moles e septicemia.
Posologia.
Para
pacientes com função renal normal a dose usual é de 15 mg/kg/dia, cada 8 a 12
horas por via intramuscular; a duração total do tratamento não deve exceder os
7 a 10 dias. Se não houver melhora clínica 3 a 5 dias após o início do
tratamento, deve ser suspenso e administrado outro antibiótico eficiente em
face aos germes infectantes. Em caso de insuficiência renal terminal a
meia-vida da amicacina pode aumentar até 20 vezes. Portanto, sobre a base dos
valores de liberação de creatinina deve-se diminuir a dose ou ampliar o
intervalo entre doses. Por via intravenosa é administrada em infusão lenta (30
a 60 minutos) ou em bolus lentamente. Para crianças, a administração por
infusão intravenosa deve durar de 1 a 2 horas.
Reações
adversas.
Neurotoxicidade,
ototoxicidade; os efeitos tóxicos sobre o oitavo par craniano podem ter como
resultado perda de audição, do equilíbrio ou de ambos. A amicacina afeta
fundamentalmente a função auditiva. O dano coclear inclui surdez para as
freqüências altas e, em geral, ocorre antes que se possa detectar clinicamente
a perda de audição. Neurotoxicidade: bloqueio neuromuscular, paralisia
neuromuscular aguda e apnéia (pós-aplicação parenteral ou instilação tópica).
Nefrotoxicidade: foi relatado aumento da creatininemia, albuminúria, leucócitos
e eritrócitos na urina, cilindrúria, azotemia e oligúria. As alterações renais
são habitualmente reversíveis quando se suspende o tratamento. Outros: em raras
ocasiões erupção cutânea, febre por drogas, cefaleia, parestesias, tremor,
náuseas e vômitos; eosinofilia, artralgia, anemia e hipotensão. Em caso de dose
excessiva a droga pode ser removida por hemodiálise.
Precauções.
Os
pacientes em tratamento com aminoglicosídeos por via parenteral devem ser
controlados atentamente pelo efeito ototóxico e nefrotóxico destes. Ainda não
foi estabelecida a segurança da droga quando é administrada por mais de 14
dias. A neurotoxicidade, manifestada como ototoxicidade auditiva e vestibular
permanente bilateral, pode ocorrer em pacientes com dano renal pré-existente e
em indivíduos com função renal normal, tratados com altas doses ou por períodos
maiores que os aceitos. A surdez de alta frequência é a primeira a aparecer e
pode ser detectada por audiometria. A vertigem é uma evidência do dano
vestibular. Podem ocorrer tremores e convulsões. O dano coclear pode não
manifestar-se durante a terapêutica e aparece logo depois da suspensão do
tratamento. A ototoxicidade induzida por aminoglicosídeos é, em geral,
irreversível. Os aminoglicosídeos são potencialmente nefrotóxicos. Deverão ser
realizados exames periódicos de sedimento urinário assim como audiogramas
seriados.A monitoração dos níveis séricos de aminoglicosídeos, e o ajuste da
dose de acordo com o resultado, é uma prática terapêutica imprescindível,
especialmente quando a função renal é deficiente. Os aminoglicosídeos podem
produzir dano fetal e surdez no recém-nascido, já que atravessam a barreira
placentária.
Interações.
Diminuição
da eficácia dos aminoglicosídeos: se forem misturados em uma mesma solução um
aminoglicosídeo e um antibiótico -lactâmico reagem quimicamente e o
aminoglicosídeo perde sua eficiência terapêutica. Soma ou potencialização de
efeitos adversos ototoxicidade: são potencializados os efeitos ototóxicos dos
aminoglicosídeos com os da vancomicina, da cisplatina e dos diuréticos de alça;
nefrotoxicidade: são potencializados mutuamente a nefrotoxicidade dos
aminoglicosídeos e da vancomicina, do cisplatino e da anfotericina-B; os
diuréticos de alça aumentam a nefrotoxicidade dos aminoglicosídeos; a
potencialidade nefrotóxica das cefalosporinas manifesta-se quase sempre como
potencialização da nefrotoxicidade dos aminoglicosídeos; bloqueio
neuromuscular: os aminoglicosídeos potencializam os efeitos dos relaxantes
musculares periféricos, tanto dos antagonistas competitivos como os da
succinilcolina, embora o efeito seja mais marcante com os primeiros.O
anestesista deve saber se o paciente está recebendo aminoglicosídeos com a
finalidade de reduzir a dose do curarizante. Com outras drogas, como a
clindamicina, se potenciam mutuamente os efeitos bloqueadores musculares dos
aminoglicosídeos.
Contraindicações.
Hipersensibilidade
aos aminoglicosídeos. Miastenia grave.