Ações terapêuticas.
Antiviral.
Propriedades.
A lamivudina é uma agente antiviral
com ação sobre o vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1) e sobre o
HIV-2. O mecanismo de ação da lamivudina baseia-se na inibição da síntese dos
ácidos nucleicos. Uma vez dentro da célula, a molécula de lamivudina é
transformada em lamivudina-5'-trifosfato, cuja meia-vida intracelular é de 10,5
a 15,5 horas; esse metabólito não afeta de maneira significativa a atividade
polimerizante da transcriptase reversa do HIV, podendo ser incorporado por essa
enzima à cadeia de genoma em formação do HIV; lamivudina-5'-trifosfato produz
um extremo terminal sem o hidroxilo 3' necessário para incorporar o nucleotídeo
seguinte à cadeia, resultando em uma finalização prematura da formação do
genoma viral. A afinidade da lamivudina-5'-trifosfato pela transcriptase
reversa é maior do que pela DNA polimerase celular normal, portanto possui ação
seletiva (dose-dependente) sobre os fragmentos dos ácidos nucleicos virais.A
lamivudina possui poucos efeitos tóxicos sobre as séries de células
semidiferenciadas da medula óssea e sobre os linfócitos e macrófagos
circulantes, levando a um índice terapêutico elevado. A lamivudina é bem
absorvida por via oral (biodisponibilidade em adultos 80%-85%) e atinge o pico
máximo de concentração plasmática uma hora após a administração; possui
meia-vida de 5 a 7 horas e seu volume de distribuição é de 1,5 litro/kg. 80% da
dose são eliminados por via renal (secreção tubular ativa), e 10% são
metabolizados no fígado. Em caso de deficiência renal, ajustar a dose de
lamivudina. A lamivudina atravessa a barreira hematoencefálica e atinge
concentrações aproximadamente equivalentes a 12% da concentração plasmática.
Verificou-se a segurança da combinação didanosina, zidovudina e lamivudina no
tratamento da infecção por HIV.
Indicações.
Como fármaco isolado ou como adjuvante
no tratamento dos pacientes infectados por HIV.
Posologia.
Adultos: 300 mg de lamivudina por dia,
divididos em duas doses, e associados com 600 mg/dia de zidovudina (divididos
em duas doses). Crianças: 8 mg/kg/dia de lamivudina, em duas doses, até
o máximo de 300 mg/dia de lamivudina, associados com 360 a 720 mg/m 2
de zidovudina por dia (divididos em duas doses). Dose máxima de zidovudina: 200
mg cada 6 horas. Em pacientes adultos com função renal alterada proceder da
seguinte maneira: quando o clearance de creatinina (CC) encontra-se entre 50 e
30 ml/minuto, aconselha-se uma dose inicial de 150 mg de lamivudina e uma dose
de manutenção de 150 mg/dia de lamivudina; quando o CC está entre 30 e 5 ml/minuto,
sugere-se dose inicial de 150 ml de lamivudina, porém não são recomendadas
administrações ulteriores do fármaco; quando o CC encontra-se abaixo dos 5
ml/minuto, não é recomendada a administração de lamivudina. Em pacientes
pediátricos com disfunção renal deve-se reduzir proporcionalmente a dose de
lamivudina de acordo com o prescrito para adultos.
Superdosagem.
Em experiência acidental de superdose
não foram observados efeitos severos, e todos os pacientes recuperam-se
favoravelmente. O tratamento deve ser sintomático.
Reações adversas.
Em geral é bem tolerada. Devido ao
fato de que a lamivudina é geralmente utilizada em associação com a zidovudina
foram observados os seguintes efeitos adversos que podem ocorrer devido à
associação ou ao estado patológico subjacente: pancreatite, neuropatia
periférica, mal-estar, fadiga, dor abdominal, parestesia, exantema, cefaleia,
náusea, vômito, febre, diarreia. Podem ocorrer outros efeitos devido,
exclusivamente, ao componente zidovudina na administração associada (vide
zidovudina).
Precauções.
Deve ser comunicado aos pacientes que
o uso da lamivudina e qualquer outro antirretroviral não impede a transmissão
da doença (Aids) por contatos sexuais e através da contaminação com sangue.
Administrar com precaução em pacientes com hepatopatia ocasionada pelo vírus B
(HBV), devido ao risco de hepatite reincidente como consequência do tratamento
com lamivudina. Por não existirem evidências conclusivas não é recomendado o
tratamento em gestantes a menos que os benefícios para a mãe superem o risco
potencial para o feto. A lactação deve ser suspensa se a mãe recebe o
medicamento. A eficácia e a segurança do fármaco em crianças menores de 3 meses
não foram estabelecidas.
Interações.
A trimetoprima (componente do contrimoxazol)
causa uma leve elevação dos níveis plasmáticos de lamivudina; no entanto, não é
necessário ajuste de dose salvo em pacientes com função renal comprometida.
Existe a possibilidade de interação com outros fármacos de eliminação renal
preferencial.
Contraindicações.
Hipersensibilidade à lamivudina. Na
administração conjunta com zidovudina devem ser observadas as contra-indicações
desse fármaco.