Ações terapêuticas.
Vasodilatador.
Propriedades.
O labetalol é um bloqueador adrenérgico
que atua inibindo simultaneamente os receptores adrenérgicos a e b em
proporções fisiologicamente equilibradas. Em decorrência destas ações, em
função do bloqueio a, produzem-se vasodilatação, diminuição da resistência
vascular e conseqüente diminuição da pressão arterial; em função do bloqueio b,
o coração é protegido das respostas reflexas indesejadas, tais como alterações
do ritmo do rendimento cardíaco. O labetalol não tem ação sobre o rim, razão
pela qual pode ser administrado a pacientes hipertensos com problemas renais. É
absorvido rapidamente por via gastrintestinal e sofre significativo metabolismo
de primeira passagem (eliminação pré-sistêmica), o que leva a uma
biodisponibilidade de aproximadamente 25%, embora com considerável margem de
variação.Sua meia-vida é de 6 horas e, da dose administrada, cerca de 50%
ligam-se a proteínas plasmáticas.
Indicações.
Hipertensão leve a moderada,
hipertensão grave, hipertensão na gravidez, angina de peito com hipertensão
coexistente.
Posologia.
Adultos: via oral, 100 mg a 400 mg
duas vezes ao dia. Em caso de hipertensão refratária ou grave, podem ser
administrados até 2,4 g ao dia, divididos em 3 ou 4 tomadas. Idosos: a dose
inicial é de 50 mg duas vezes ao dia. Doses de manutenção inferiores àquelas
requeridas para pacientes jovens podem ser suficientes para controlar a pressão
arterial. Hipertensão na gravidez: caso necessário a dose inicial de 100 mg
duas vezes ao dia poderá ser gradualmente aumentada, em intervalos semanais. Na
dependência do grau de hipertensão, pode ser necessário um esquema de três
vezes ao dia. A dose máxima recomendada é de 2,4 g ao dia.
Superdosagem.
Caso ocorra superdose, recomenda-se
realizar lavagem gástrica ou indução de vômito. Os efeitos esperados
compreendem hipotensão postural excessiva e, por vezes, bradicardia. Os
pacientes devem ser deitados em posição supina com as pernas levantadas. Na
eventualidade de insuficiência cardíaca, recomenda-se administrar um glicosídeo
cardíaco e um diurético. Caso ocorra broncospasmo, administrar um agonista b
2 em aerossol. Para tratar a bradicardia deverão administrar-se 0,25 mg a
3 mg de atropina intravenosa; para melhora das condições circulatórias,
administrar por via intravenosa uma dose inicial de 5 mg a 10 mg de noradrenalina
(preferível à isoprenalina). Alternativamente, pode-se infundir a noradrenalina
a uma velocidade de 5 mg por minuto até que a resposta seja satisfatória. Em
caso de superdose deve-se administrar, de preferência, glucagon por via
intravenosa e um bolo inicial de 5 mg a 10 mg de glicose ou solução salina,
seguida de uma infusão intravenosa de 5 mg por hora ou o necessário para manter
o rendimento cardíaco.Foi descrita insuficiência renal oligúrica em decorrência
de severa superdose de labetalol por via oral. A hemodiálise elimina menos de
1% do cloridrato de labetalol da circulação.
Reações adversas.
A maioria dos efeitos secundários é
transitória e ocorre durante as primeiras semanas de tratamento. As principais
reações adversas compreendem cefaleia, cansaço, vertigem, depressão e letargia,
congestão nasal, sudoração, hipotensão postural, sensação geralmente
transitória de formigamento no couro cabeludo, tremores no tratamento das
hipertensões da gravidez, retenção aguda de urina, dificuldades de micção, insucesso
ejaculatório, dor epigástrica, náuseas e vômitos. Raramente foi detectado
aparecimento de anticorpos antinúcleo positivos, não associados com a doença,
bem como raros casos de lúpus eritematoso sistêmico e febre medicamentosa.
Muito raramente foram descritos casos de miopatia tóxica, hipersensibilidade,
erupções, pruridos, angioedema, dispneia, erupção liquenoide reversível, visão
turva, irritação ocular, cãibras, bradicardia e bloqueio cardíaco.
Precauções.
Administrar juntamente com alimentos. Não
administrar a crianças visto não estarem estabelecidas a segurança e a eficácia
do fármaco neste grupo etário. Em pacientes que estejam em tratamento com
outros fármacos anti-hipertensivos nos quais a terapia será substituída por
labetalol, recomenda-se iniciar com uma dose de 100 mg duas vezes ao dia,
diminuindo gradualmente a terapia anterior. Não é aconselhável interromper
bruscamente a terapia com clonidina ou agentes b-bloqueadores. Caso haja
manifestação de erupções cutâneas e/ou secura de olho associadas ao fármaco,
aconselha-se suspender gradualmente a medicação caso tal reação não puder ser
associada a outros fatores. Como foram observadas lesões hepatocelulares
graves, durante a terapia com labetalol recomenta-se realizar provas da função
hepática. Não deve ser utilizado em pacientes com asma ou histórico de doença
respiratória obstrutiva.Deve-se ter especial cuidado em pacientes com
insuficiência cardíaca; nestes caso, recomenda-se administrar um glicosídeo
cardiotônico e um diurético antes de iniciar o tratamento com o labetalol. Não
é necessário suspender o tratamento previamente à anestesia. Em pacientes com
cardiopatia isquêmica aconselha-se não interromper a administração de labetalol
de modo brusco. No primeiro trimestre da gestação deve ser feito unicamente se
o benefício para a mãe supera os possíveis riscos para o feto. Deve-se ter em
conta que o labetalol atravessa a barreira placentária e pode bloquear os
receptores adrenérgicos a e b do feto e do neonato. Muito raramente descreveu-se
angústia perinatal e neonatal (bradicardia, hipotensão, depressão respiratória,
hipoglicemia, hipotermia), que pode manifestar-se um dia ou dois depois do
nascimento. Em geral a resposta às medidas de suporte (líquidos intravenosos e
glicose) é rápida. Esta intercorrência pode estar associada com a menor
eficiência do metabolismo hepático em crianças prematuras.Não administrar
durante a amamentação, pois o fármaco é eliminado através do leite materno.
Interações.
O uso simultâneo com antidepressivos
tricíclicos pode aumentar a incidência de tremores. A cimetidina pode aumentar
a biodisponibilidade do labetalol, razão pela qual as doses deste último devem
ser reajustadas. O labetalol produz fluorescência em solução alcalina, e assim
pode causar interferência na determinação de certos compostos fluorescentes,
incluindo as catecolaminas. Administrar com precaução concomitantemente com
agentes antiarrítmicos de classe I ou antagonistas do cálcio do tipo verapamil.
O labetalol potencializa os efeitos do halotano.
Contraindicações.
Bloqueio A-V do segundo ou terceiro
graus, choque cardiogênico, outros estados associados com hipotensão prolongada
e grave ou bradicardia grave, hipersensibilidade conhecida ao fármaco.