Ações terapêuticas.
Antineoplásico.
Propriedades.
É um inibidor da topoisomerase I,
derivado da camptotecina, que interage de modo específico com esta enzima, cuja
função é reduzir a tensão de torsão do ácido desoxirribonucléico (DNA) que
causa ruptura reversível de uma das cadeias do DNA. Tanto o irinotecano como
seu metabólito ativo, o SN-38, unem-se ao complexo DNA-topoisomerase I
impedindo a reparação das rupturas. As investigações realizadas com estes
compostos sugerem que a toxicidade do irinotecano deve-se ao dano que produz no
DNA bicatenário durante sua síntese, que é quando as enzimas replicativas
interagem com o complexo ternário formado entre o DNA, a topoisomerase e o
irinotecano ou o SN-38. As células de mamíferos são incapazes de reparar de
modo eficiente aquelas rupturas da cadeia dupla. O fármaco é transformado em
seu metabólito ativo no fígado, por ação de enzimas carboxilesterases; o SN-38
é muito potente como inibidor da topoisomerase I do que o composto original.
Esse último une-se muito pouco a proteínas plasmáticas, enquanto o SN-38 une-se
em cerca de 95%.Embora não se conheça o modo exato de eliminação do fármaco em
seres humanos, parte é eliminada por via urinária e biliar. Frequentemente há
indução de diarreia, precoce e tardia, aparentemente por mecanimos diferentes.
A diarreia precoce é de natureza colinérgica e pode ser precedida por dores,
diaforese ou cãibras abdominais, podendo ser aliviada pela atropina. A diarréia
tardia pode causar desidratação severa, alterar o equilíbrio eletrolítico e pôr
em risco a vida do paciente; entretanto, pode ser rapidamente tratada com
loperamida.
Indicações.
Carcinoma metastático de cólon e reto,
com enfermidade progressiva ou recorrente após tratamento com 5-fluouracila.
Posologia.
Dose inicial: 125 mg/m 2,
infusão intravenosa em 90 minutos, por semana, durante 4 semanas, seguindo-se
um período de descanso de duas semanas. O tratamento pode ser repetido a cada 6
semanas e as doses subseqüentes deverão ser ajustadas até 150mg/m 2
em modificações de 25 a 50 mg/m 2 por vez, de acordo com a
tolerância individual do paciente à terapia. Na ausência de sinais de
intolerância ao irinotecano, o tratamento pode ser continuado com cursos
adicionais indefinidamente, tanto nos pacientes responsivos como naqueles com
enfermidade estável.
Superdosagem.
Os efeitos adversos descritos no caso
de superdose não diferem daqueles observados com as doses recomendadas. O tratamento
a ser instituído é de suporte, no sentido de prevenir a desidratação devida à
diarreia e para o tratamento de possíveis complicações infecciosas. Não há
antídoto conhecido.
Reações adversas.
Alguns efeitos adversos muito
frequentes são diarreia, vômitos, náuseas, neutropenia, leucopenia e anemia.
Ocasionalmente podem observar-se astenia, anorexia, constipação, flatulência,
estomatite, dispepsia e febre. Mais raramente foram detectados dores
abdominais, alopecia, cefaleia, dores lombares, calafrios, infecções leves,
edema, distensão abdominal, perda de peso, desidratação, sudoração, erupções,
dispneia, aumento de tosse, insônia, tonturas e vasodilatação.
Precauções.
Os pacientes com diarreia grave
deverão ser controlados cuidadosamente, e devem ser tratados com loperamida,
líquidos e eletrólitos. Caso persistam mais de 10 defecações por dia,
recomenda-se suspender o tratamento e, após a recuperação do paciente,
continuar a administração de irinotecano, porém com doses mais baixas. A
terapia deve ser interrompida caso haja neutropenia febril ou contagem de
neutrófilos inferior a 500 /mm 3. Igualmente, a dose deve ser
diminuída se houver queda significativa da contagem de glóbulos brancos (<
2.000/mm 3), de neutrófilos (< 2.000/mm 3), de
hemoglobina (< 8g/dl) ou de plaquetas (< 100.000/mm 3). Visto
tratar-se de um fármaco emético, aconselha-se pré-medicação com antieméticos,
pelo menos 30 minutos antes de sua administração. Recomenda-se administrar
atropina aos pacientes com sinais precoces de diarreia. Não administrar a
mulheres grávidas. Além disso, deve-se advertir as mulheres em idade fértil
para que evitem gravidez enquanto estejam sob tratamento com irinotecano.Como
muitos fármacos são eliminados pelo leite materno, com risco de gerar efeitos
adversos graves no recém-nascido, não se recomenda o uso de irinotecano durante
a amamentação. Sua eficácia e segurança não foram comprovadas em pacientes
pediátricos.
Interações.
Outros agentes neoplásicos, inclusive
a radioterapia, podem exacerbar a mielossupressão e a diarreia. A administração
de dexametasona como terapia antiemética profilática pode aumentar a
linfocitopenia e possível desenvolvimento de hiperglicemia, principalmente em
pacientes com antecedentes de diabetes mellitus ou intolerância à glicose. Dado
o risco potencial de desidratação em função dos vômitos ou da diarreia
induzidos pela irinotecana pode ser preferível suspender a administração de
diuréticos e laxantes.
Contraindicações.
Hipersensibilidade ao fármaco.