Ações terapêuticas.
Anticoagulante.
Propriedades.
Trata-se de um análogo da
prostaciclina, que produz inibição da agregação, aderência e liberação
plaquetárias, dilatação de arteríolas e vênulas, aumento da densidade capilar e
diminuição da permeabilidade vascular. Além disto, estimula a fibrinólise, inibe
a aderência e a migração leucocitária no sítio de lesão endotelial e diminui a
liberação de radicais livres do oxigênio. A iloprosta alcança o equilíbrio no
plasma 10 a 20 minutos após o início da infusão intravenosa, e o nível
plasmático de equilíbrio apresenta uma relação linear com a velocidade de
perfusão; a concentração plasmática decai após a finalização da infusão visto
que a metabolização do fármaco é rápida. Suas características farmacocinéticas
são independentes da idade ou do sexo dos pacientes.Não obstante, a depuração
da iloprosta é diminuído em pacientes com cirrose hepática e insuficiência
renal crônica que requerem diálise. Sua ligação a proteínas plasmáticas,
preferencialmente à albumina, é de cerca de 60%. É metabolizada através de -oxidação
da cadeia lateral carboxílica; não é possível recuperar o fármaco na sua forma
inalterada. O principal metabólito é a tetranoriloprosta, que é desprovida de
atividade farmacológica. Cerca de 80% dos metabólitos são eliminados por via
renal e o restante pela bile. Sua administração intravenosa propicia uma
biodisponibilidade de 100%.
Indicações.
Tromboangeíte obliterante avançada
(doença de Buerger) com isquemia grave das extremidades, naqueles casos em que
não esteja indicada a revascularização. Enfermidade arterial periférica
oclusiva grave, particularmente naqueles casos onde há risco de amputação, e
naqueles em que não seja possível a cirurgia ou a angioplastia. Fenômeno de
Raynaud grave e incapacitante, que não responde a outras medidas terapêuticas.
Posologia.
Em infusão intravenosa: 0,5 g a 2 ng
de iloprosta/kg de peso corporal por minuto durante 6 horas a cada dia. A
duração máxima do tratamento é de 4 semanas. O tratamento deve ser iniciado com
uma velocidade de infusão de 10 ml/h durante 30 minutos. Esta velocidade
equivale a 0,5 ng/kg por minuto em um paciente de 65 kg de peso corporal.
Posteriormente a dose pode ser aumentada em intervalos de 10 ml/h a cada 30
minutos, até alcançar o patamar de 40 ml/h (ou 50 ml/h se o peso do paciente
for superior a 75 kg). Caso ocorram efeitos colaterais como cefaleia, náuseas,
hipotensão, a velocidade de infusão deverá ser reduzida até estabelecer-se a
dose tolerada.
Superdosagem.
Os sintomas de superdose são: marcante
rubor facial, cefaleia intensa, dores nas extremidades ou nas costas, reação
vasovagal com palidez repentina, sudoração aguda, náuseas, vômitos, dores
abdominais em forma de cãibras, diarreia, diminuição ou aumento da pressão
arterial, bradicardia ou taquicardia. O tratamento consiste na interrupção da
infusão e instauração de medidas sintomáticas. Caso ocorra isquemia coronariana
provocada pela iloprosta, observou-se que a administração de 125 mg de
aminofilina por via IV é uma medida eficaz. Não se conhece nenhum antídoto
específico.
Reações adversas.
As principais reações adversas
compreendem rubor facial, cefaleia, náuseas, dores espasmódicas abdominais,
diarreia, sudoração, sensação de calor, fraqueza, dor na extremidade afetada,
parestesias, cansaço, hipertermia, febre, calafrios, estados de confusão,
apatia, sedação, agitação, queda ou aumento da pressão arterial, taquicardia,
arritmia, extrassistolia e inquietação. Em geral, todos os efeitos colaterais
desaparecem rapidamente após a administração da dose. Com menos frequência
podem observar-se artralgias, reações alérgicas, dispneia, asma brônquica,
edema pulmonar ou insuficiência cardíaca aguda em pacientes idosos com
arteriosclerose avançada, eritema e dor no ponto de infusão, vasodilatação
cutânea que pode propiciar ao aparecimento de um eritema linear (flebite) ao
longo da veia usada para a infusão, angina e episódios hipotensivos.
Precauções.
Em geral, a solução preparada para
infusão que contém 0,2 g de iloprosta/ml é administrada por via intravenosa
durante 6 horas em cada dia através de uma veia periférica ou de um cateter
venoso central com auxílio de bomba de infusão. Deve-se registrar a pressão
arterial e a frequência cardíaca no início da infusão e após cada aumento de
dose. Recomenda-se ajustar a dose em pacientes com insuficiência renal que
requerem diálise ou naqueles com cirrose hepática. Não se recomenda realizar
infusão contínua durante vários dias, em função da possibilidade de
aparecimento de taquifilaxia quanto aos efeitos plaquetários ou da ocorrência
de um efeito rebote, com hiperagregabilidade plaquetária no final do
tratamento. Não há estudos sobre a segurança e a eficácia da iloprosta para
períodos de tratamento superiores a 4 semanas, nem após repetidos ciclos de
administração. Nas mulheres, deve-se excluir a existência de gravidez antes de
iniciar o tratamento. Deve-se advertir os pacientes sobre a necessidade de
abandonar o hábito do fumo durante o tratamento.Administrar com precaução em
pacientes com hipotensão. O extravasamento pode provocar alterações locais no
sítio de injeção. Evitar o contato da iloprosta com a pele; caso ocorra a zona
afetada deve ser lavada imediatamente com água ou soro fisiológico em
abundância. A iloprosta é embriotóxica. Em função dos estudos realizados em
animais, o risco de toxicidade aguda em seres humanos parece ser pequeno; os
ensaios sobre toxicidade sistêmica demonstraram que a iloprosta causa
diminuição da pressão arterial e alteração da função respiratória. Os estudos
realizados in vitro e in vivo sobre os efeitos genotóxicos não
foram conclusivos quanto ao potencial mutagênico deste fármaco.
Interações.
A iloprosta apresenta efeito aditivo
sobre a atividade anti-hipertensiva dos -bloqueadores, os antagonistas do
cálcio e os vasodilatadores, bem como efeito potencializador da atividade
anti-hipertensiva dos inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA).
Caso ocorra hipotensão grave, recomenda-se diminuir a dose. Em razão da
iloprosta inibir a função plaquetária, sua administração concomitante com
heparina ou anticoagulantes cumarínicos que afetam outros mecanismos
hemostáticos, o risco de hemorragia pode aumentar. A iloprosta possui efeito
aditivo ou potencializador sobre a função plaquetária quando administrado
juntamente com outros inibidores da agregação plaquetária, como ácido
acetilsalicílico ou outros anti-inflamatórios não-esteroidais e inibidores da
fosfodiesterase. Em experimentos realizados em animais, o efeito vasodilatador
da iloprosta é atenuado quando os animais são pré-tratados com
glicocorticoides, ao passo que o efeito inibidor da agregação plaquetária não é
afetado.Desconhece-se a importância deste achado com relação à administração da
iloprosta em seres humanos.
Contraindicações.
Hipersensibilidade ao fármaco,
gravidez, amamentação, úlcera péptica ativa, hemorragia intracraniana,
cardiopatia coronariana grave ou angina instável, infarto do miocárdio recente,
insuficiência cardíaca, arritmias de significado prognóstico, suspeita de
congestão pulmonar.