Ações terapêuticas.
Neuroléptico.
Propriedades.
A pipotiazina é uma fenotiazina
normalmente administrada como forma farmacêutica de liberação lenta (depot) por
via intramuscular, embora também possa ser administrada por via oral. Como
antipsicótico, a pipotriazina atua bloqueando os receptores pós-sinápticos
dopaminérgicos mesolímbicos no cérebro. As fenotiazinas produzem um bloqueio
alfa-adrenérgico e deprimem a liberação de hormônios hipotalâmicos e
hipofisários. No entanto, o bloqueio dos receptores dopaminérgicos aumenta a
liberação de prolactina na hipófise. Como antiemético, inibe a região
disparadora quimiorreceptora medular e sua ação ansiolítica ocorre por redução
indireta dos estímulos sobre o sistema reticular do talo encefálico. Além
disso, os efeitos do bloqueio alfa-adrenérgico podem produzir sedação.Seu
metabolismo é hepático e a eliminação ocorre por via renal e biliar.
Indicações.
Tratamento dos transtornos psicóticos
agudos e crônicos: é eficaz na esquizofrenia e na fase maníaca da doença
maníaco-depressiva. Tratamento do controle de náuseas e vômitos graves em
pacientes selecionados. Terapêutica alternativa aos fármacos de primeira linha
no tratamento a curto prazo (máximo de 12 semanas) da ansiedade psicótica.
Tratamento de problemas graves de comportamento em crianças
(hiperexcitabilidade). Tratamento coadjuvante do tétano e na porfiria aguda
intermitente. Esquizofrenias. Delírios crônicos interpretativos e passionais.
Posologia.
Via oral: 10 a 20 mg de pipotiazina
por dia, em uma única tomada. Via intramuscular (ação rápida): 10 a 20 mg de
pipotiazina por dia em uma ou duas tomadas. Via intramuscular (ação lenta ou
depot): de acordo com o quadro clínico de cada paciente pode variar entre 25 mg
e 200 mg de pipotiazina undecanoato e pipotiazina palmitato, embora as doses
habituais sejam de 50 mg a 100 mg; em geral a administração é realizada a cada
quatro semanas.
Superdosagem.
Síndrome parkinsoniana grave, coma.
Tratamento: suporte sintomático.
Reações adversas.
Manifestam-se com frequência: visão
turva ou outras alterações na visão, movimentos de torção do corpo por efeitos
parkinsonianos extrapiramidais distônicos. Hipotensão, constipação, tonturas,
sonolência, secura da boca, congestão nasal. Observam-se raramente discinesia
tardia, micção difícil (por efeito antimuscarínico), erupção cutânea,
transtornos do ciclo menstrual, hipersensibilidade à luz solar, galactorreia,
náuseas, vômitos.
Precauções.
Os pacientes que não toleram uma
fenotiazina podem não tolerar outras. As medicações antipsicóticas elevam as
concentrações de prolactina, que persistem durante a administração crônica. Em
recém-nascidos cujas mães receberam fenotiazinas no final da gravidez
descreveram-se icterícia prolongada, hiporreflexia ou hiper-reflexia e efeitos
extrapiramidais. Durante a lactação manifesta-se sonolência no lactente. Os
pacientes geriátricos necessitam de uma dose inicial mais baixa pois tendem a
desenvolver concentrações plasmáticas mais elevadas, são mais propensos à
hipotensão ortostática e mostram uma sensibilidade aumentada aos efeitos
antimuscarínicos e sedativos das fenotiazinas. Também são propensos a
desenvolver efeitos secundários extrapiramidais, como discinesia tardia e
parkinsonismo. Sugere-se administrar em pacientes idosos a metade da dose do
adulto. Por seu efeito antimuscarínico pode diminuir e inibir o fluxo salivar e
contribuir ao desenvolvimento de cáries, doença periodontal e candidíase
oral.Os efeitos leucopênicos e trombocitopênicos das fenotiazinas podem
aumentar a incidência de infecção microbiana, retardo na cicatrização e
hemorragia gengival.
Interações.
Os anti-histamínicos e
antimuscarínicos intensificam os efeitos antimuscarínicos das fenotiazinas,
especialmente confusão, alucinações e pesadelos. As anfetaminas podem produzir
redução dos efeitos antipsicóticos das fenotiazinas e por sua vez as
fenotiazinas podem diminuir o efeito estimulante das anfetaminas. As
fenotiazinas podem diminuir o limiar para as crises convulsivas, sendo
necessário ajustar as doses dos anticonvulsivantes. Podem inibir o metabolismo
da fenitoína e causar toxicidade por fenitoína. O uso concomitante com
antitireóideos pode aumentar o risco de agranulocitose; com a bromocriptina
podem aumentar as concentrações séricas de prolactina.Os efeitos
antiparkinsonianos da levodopa podem ser diminuídos devido ao bloqueio dos
receptores dopaminérgicos no cérebro. O uso concomitante com bloqueadores
beta-adrenérgicos provoca a elevação da concentração plasmática de cada
medicação.
Contraindicações.
Depressão grave do SNC, estados
comatosos, doença cardiovascular grave. A relação risco-benefício deve ser
avaliada nas seguintes situações: alcoolismo, angina do peito, discrasias
sanguíneas, glaucoma, disfunção hepática, doença de Parkinson, úlcera péptica,
retenção urinária, síndrome de Reye, transtornos convulsivos, vômitos (pois a
ação antiemética pode mascarar os vômitos como sinal de superdose de outras
medicações). Antecedentes de agranulocitose tóxica, porfiria e glaucoma.
Gravidez e lactação. Risco de retenção urinária em transtornos uretrais ou
prostáticos.