Ações terapêuticas.
Antidepressivo.
Propriedades.
A moclobemida é o primeiro
antidepressivo derivado da benzamida. Portanto, não está relacionada por sua
estrutura química com nenhum outro antidepressivo existente. A moclobemida é
relativamente lipofílica, mas também é altamente solúvel em água em um pH baixo.
Portanto, a absorção pelo intestino é rápida e completa, e a passagem através
da barreira hematoencefálica é eficiente. Tem ação inibidora seletiva da MAO-A,
reversível e de meia-vida curta. A MAO-A desamina com preferência a
norepinefrina, dopamina e serotonina; de outro lado, a MAO-B desamina a
tiramina e a feniletilamina. Por seu efeito reversível (na presença de
tiramina), este fármaco possui melhor tolerância e ausência do "efeito
queijo". A moclobemida pode substituir ou ser substituída por alguns
antidepressivos de estrutura cíclica, como a amitriptilina, sem necessidade de
intervalo livre entre a administração de uma e outra. Após sua administração
por via oral, a moclobemida é absorvida completamente no tubo digestivo e passa
à circulação portal.Devido à primeira passagem pelo fígado, a fração
sistematicamente biodisponível da dose é reduzida (biodisponibilidade F). Esta
diminuição é mais acusada com doses únicas (F: 60%) do que após a administração
de doses múltiplas (F: > 80%). A distribuição corporal da moclobemida é
muito extensa, dada a natureza lipofílica desta substância. O volume de
distribuição aparente (Vss) é de 1,2 L/kg aproximadamente. A fixação
às proteínas plasmáticas principalmente à albumina é relativamente baixa
(50%). Ao término de aproximadamente 1 hora após sua administração, são
alcançadas concentrações plasmáticas máximas. Se for administrada
repetidamente, a concentração plasmática da moclobemida é elevada durante a 1
semana de tratamento e depois se estabiliza. Ao aumentar-se a dose diária, a
concentração em estado de equilíbrio aumenta de forma desproporcional. Antes de
sua eliminação, a moclobemida é metabolizada quase por completo: menos de 1% de
uma dose é eliminado inalterado por via renal.O metabolismo tem lugar principalmente
por reações oxidativas na porção de morfolina da molécula. Os metabólitos são
excretados por via renal; na circulação geral humana, são detectadas
concentrações muito baixas de metabólitos farmacologicamente ativos encontrados
in vitro ou na experimentação animal. A moclobemida é eliminada de forma
rápida do corpo. A eliminação a partir do sangue é realizada a um ritmo de 20 a
50 L/hora. A meia-vida é de 1 a 2 horas e prolonga-se minimamente com doses
altas.
Indicações.
Depressão em que predomina o
componente distímico ou a inibição.
Posologia.
A dose inicial, de 300 a 450 mg de
moclobemida ao dia, deve ser administrada desde o início e sem período de
espera. A posologia não pode ser ajustada antes da 2 semana de tratamento. Uma
dose de 600 mg/dia deve ser administrada nos casos graves. A exemplo de todos
os antidepressivos existentes, a dose deve ser ajustada individualmente,
conforme o requerimento clínico do paciente. A quantidade total diária deve ser
ingerida em doses divididas, 2 a 3 vezes ao dia. Os comprimidos devem ser
ingeridos ao final de uma refeição. Os pacientes idosos e aqueles com função
renal diminuída não requerem um ajuste especial da dose de moclobemida. Nos
pacientes com metabolismo hepático gravemente danificado, a dose diária de
moclobemida deve ser reduzida à metade ou a um terço.
Reações adversas.
Seu efeito colateral mais frequente é
a cefaleia.
Precauções.
Aos pacientes depressivos, nos quais
predominem os sintomas clínicos de excitação ou agitação, moclobemida não deve
ser administrada; é recomendável em combinação com um sedativo (por exemplo,
uma benzodiazepina). Como ocorre com outros antidepressivos, pode causar uma
exacerbação dos sintomas esquizofrênicos ao se tratar de pacientes depressivos
com psicoses esquizofrênicas ou esquizoafetivas. A medicação a longo prazo com
neurolépticos nestes pacientes deve ser prosseguida sempre que possível. É
recomendado aos pacientes hipertensos abster-se de ingerir grandes quantidades
de alimentos ricos em tiramina. Geralmente, não diminui o rendimento nas
atividades que requerem uma atenção especial (por exemplo, dirigir veículos).
Contudo, na fase inicial do tratamento, deve-se vigiar a reação de cada
paciente.
Interações.
Nos pacientes hipertensos, a
moclobemida potencializa o efeito hipotensor do metoprolol, mas não o do
nifedipino ou da hidroclorotiazida. Entretanto, esta reação recíproca não
conduz à hipotensão, reações posturais ou incidência aumentada de outros
efeitos colaterais. Nas pessoas normotensas, a moclobemida não tem efeito sobre
a pressão sanguínea. Não é provável que as doses terapêuticas de fenilefrina
(por via parenteral, intranasal ou intraocular) causem reações hipertensivas
clinicamente relevantes com doses terapêuticas de moclobemida. Pela breve duração
da ação da moclobemida, não é necessário nenhum intervalo livre de drogas antes
da intervenção cirúrgica de um paciente. Os efeitos nocivos do álcool sobre os
testes psicométricos não são exacerbados pela moclobemida.
Contraindicações.
Hipersensibilidade à droga. Alterações
circulatórias no SNC. Quadros psicóticos latentes ou em evolução.