Ações terapêuticas.
Antineoplásico, antipsoriásico,
antirreumático.
Propriedades.
O metotrexato é específico da fase S
do ciclo de divisão celular. Sua ação consiste na inibição da síntese do DNA,
RNA, timidinato e proteínas como resultado da união relativamente irreversível
com a di-hidrofolato redutase, o que evita a redução de di-hidrofolato a
tetra-hidrofolato ativo. O crescimento das populações de células que proliferam
rapidamente (células malignas, células epiteliais em psoríase) é mais afetado
que o crescimento da pele e da maioria dos tecidos normais. Tem uma leve
atividade imunossupressora. Sua absorção é muito variável. Em doses normais,
absorve-se bem no trato gastrintestinal (menos de 30 mg/m 2), porém
em doses elevadas pode ser pouco absorvido. Atravessa a barreira
hematoencefálica somente em quantidades limitadas (do sangue ao SNC),
entretanto passa de forma significativa à circulação sistêmica após a
administração intratecal. Sua união às proteínas é moderada (50%) e seu
metabolismo é hepático e intracelular (a poliglutamatos, que são retidos nas
células).O tempo até a concentração máxima é de 1 a 5 horas por via oral e de
30 a 60 minutos por via IM. Elimina-se por via renal entre 40% e 90% de forma
inalterada.
Indicações.
Leucemia linfocítica aguda, leucemia
mieloblástica aguda, carcinoma de mama, carcinoma de pulmão de células
escamosas e de células pequenas, linfomas não-Hodgkin, linfossarcomas, psoríase
refratária e grave que não responde de forma adequada a outros tratamentos,
artrite reumatoide que não responde a outras terapêuticas, tumores
trofoblásticos e carcinoma de cabeça e pescoço (epidermoide). As indicações
encontram-se em constante revisão, bem como a dose e os protocolos de
tratamento.
Posologia.
Comprimidos, adultos: oral, de 15 a 50
mg/m 2, 1 ou 2 vezes por semana, dependendo do estado clínico do
paciente e de outros fármacos usados de forma simultânea; psoríase, dose
inicial: 10 a 25 mg, 1 vez por semana até um máximo de 50 mg por semana; 2,5 a
5 mg a cada 12 horas em 3 ingestões, ou em 4 ingestões a cada 8 horas 1 vez por
semana, até um máximo de 30 mg por semana, ou 2,5 mg 1 vez ao dia durante 5
dias, seguidos de um período de descanso de 2 dias, até um máximo de 6,25
mg/dia; artrite reumatoide: 7,5 mg por semana; dose pediátrica, como
antineoplásico: 20 a 30 mg/m 2>, 1 vez por semana. Forma
farmacêutica parenteral, adultos: IM ou IV, 15 a 50 mg/m 2, 1 ou 2
vezes por semana; psoríase: IM ou IV, 10 a 25 mg, uma vez por semana até o
máximo de 50 mg por semana; dose pediátrica, como antineoplásico: IM, de 20 a
30 mg/m 2, 1 vez por semana.
Reações adversas.
Muitas reações adversas são inevitáveis
e representam sua ação farmacológica; por exemplo, leucopenia e
trombocitopenia, que são empregadas como indicadores da eficácia da medicação e
facilitam o ajuste da dose individual. Requerem atenção médica somente se
persistem ou são incômodos: anorexia, náuseas e vômitos. São de incidência mais
frequente e requerem atenção médica: melena, hematemese, diarreia, hematúria,
artralgias e edemas. Com a administração intratecal podem aparecer: visão
turva, confusão, tonturas, sonolência, cefaleias, crises convulsivas ou cansaço
não habitual. A alopecia não requer atenção médica. Indicam possível toxicidade
do SNC: visão turva, confusão, tonturas e cefaleias. Em pacientes muito jovens
ou idosos, os efeitos colaterais têm maior tendência a produzir-se.
Precauções.
Evitar a ingestão de bebidas
alcoólicas, que podem aumentar a hepatotoxicidade. Podem ser produzidas reações
de fotossensibilidade, principalmente em pacientes com psoríase. Evitar os
produtos que contenham salicilatos e os AINE, pois podem aumentar a toxicidade.
Evitar as imunizações, a não ser que sejam indicadas pelo médico. O uso de
ciclos intermitentes de metotrexato é associado com menor risco de toxicidade
grave do que a dose diária contínua. É recomendável tomar precauções em
pacientes que desenvolvam trombocitopenia e leucopenia como resultado da
administração de metotrexato. A administração de doses elevadas de metotrexato
não deve ser iniciada, a não ser que exista uma provisão de folinato de cálcio,
dado que o resgate dos efeitos hematológicos e gastrintestinais é fundamental.
A administração de folinato de cálcio deve ser consecutiva, e não-simultânea à
de metotrexato. Este atravessa a placenta e produz efeitos adversos no feto.
Como antipsoriásico ou antiartrítico, é contraindicado a mulheres grávidas.Como
é excretado no leite materno, sua indicação durante o período de lactação não é
recomendável, já que implica riscos ao lactente (mutagenicidade e
carcinogenicidade). Deve-se ter precaução em neonatos e lactentes, uma vez que
a função hepática e renal é reduzida. É recomendável ter precaução em pacientes
geriátricos, devido a uma possível diminuição da função renal. Frequentemente
produz estomatite ulcerosa, gengivite e faringite.
Interações.
A administração simultânea de
metotrexato intratecal com aciclovir pode produzir anomalias neurológicas.
Aumenta o risco de hepatotoxicidade com o álcool ou medicamentos hepatotóxicos.
O metotrexato aumenta a concentração de ácido úrico no sangue, portanto é
necessário readequar a dose de alopurinol, colchicina ou probenecida. Aumenta a
atividade anticoagulante e o risco de hemorragias por diminuir a síntese
hepática dos fatores de coagulação, razão pela qual a dose de anticoagulantes
derivados da cumarina deverá ser regulada. O uso de AINE aumenta o risco de
agranulocitose (fenilbutazona). A asparaginase pode bloquear os efeitos do
metotrexato ao inibir a reprodução celular. A administração de citarabina após
iniciada a terapêutica com metotrexato pode produzir um efeito citotóxico
sinérgico. O ácido fólico pode interferir no efeito antifolato do metotrexato.
A canamicina oral aumenta a absorção do metotrexato oral. A neomicina oral
diminui a absorção do metotrexato oral.A probenecida e salicilatos podem inibir
a excreção renal do metotrexato. A pirimetamina, triantereno ou trimetoprima
podem aumentar os efeitos tóxicos do metotrexato devido a suas ações similares
como antagonistas do ácido fólico.
Contraindicações.
Gravidez, lactação, varicela existente
ou recente, herpes-zóster. A relação risco-benefício deverá ser avaliada na
presença de ascite, obstrução gastrintestinal, derrame peritoneal ou pleural,
disfunção renal, depressão da medula óssea, antecedentes de gota, cálculos
renais, disfunção hepática, infecção, úlcera péptica e colite ulcerosa. Também
deve-se ter precaução em pacientes submetidos a tratamento com fármacos
citotóxicos ou radioterapia.