Ações terapêuticas.
Antineoplásico.
Propriedades.
É um agente antineoplásico derivado
das nitrosureias (cloroetilnitrossureia) que age inibindo as numerosas enzimas
por carbamilação nos diferentes aminoácidos das proteínas (proteinossíntese). É
administrado somente por via parenteral intravenosa e degrada-se nos primeiros
15 a 30 minutos. Acredita-se que a atividade antineoplásica desse derivado
nitrossureico é devida aos seus metabólitos. Possui uma elevada lipossubilidade
e uma escassa ionização a pH fisiológico, que permite uma excelente
difusibilidade através da barreira hematoencefálica. Aproximadamente 60% a 70%
da dose administrada são excretados por via renal em 96 horas e 10% como CO
2 respiratório. Estudos com carmustina marcada com C 14
permitiram comprovar níveis prolongados do isótopo tanto no plasma como nos
tecidos.
Indicações.
É utilizado como terapia paliativa,
como fármaco único ou com outros agentes quimioterápicos em glioblastomas,
meduloblastomas, astrocitoma, tumores cerebrais, mieloma múltiplo (associado
com prednisona). Doença de Hodgkin: como medicamento de segunda escolha ou em
pacientes que recaem ou não respondem aos medicamentos de eleição.
Posologia.
Como agente único em pacientes
não-tratados previamente, a dose recomendada é de 150-200 mg/m 2
cada 6 a 8 semanas ou 75-150 mg/m 2 dois dias seguidos cada 6
semanas ou 40 mg/m 2 durante 5 dias seguidos cada 6 semanas. A
administração de carmustina não deve ser repetida até que as plaquetas estejam
em = 100.000 mm 3 e os leucócitos = 4.000 mm 3. A
recuperação da função hematopoética ocorre após 6 semanas. A dose é realizada
por perfusão IV durante um período de 1-2 horas.
Efeitos secundários.
Foram indicados mielodepressão
(leucopenia, trombocitopenia), tosse com sensação de afogamento, falta de ar
(pneumonite, fibrose pulmonar), febre, calafrios, odinafagia, dor e vermelhidão
no local da injeção, rubor cefálico, estomatite, edemas periféricos, astenia,
diarreia, anorexia, rash cutâneo, prurido, náuseas, vômitos, disfagia,
tonturas, vertigem, cefaleia, emagrecimento, alopecia. A depressão medular é
cumulativa e de intensidade variável. Sua recuperação demora 6 a 7 semanas, mas
podem ser necessárias 10-12 semanas após uma terapia prolongada.
Precauções.
Aconselha-se realizar controles
hematológicos periódicos durante o tratamento e não repeti-lo antes das 6
semanas devido à toxicidade tardia da carmustina. O contato acidental da
solução reconstituída de carmustina com a pele pode provocar hiperpigmentação
transitória da área contatada. Após a reconstituição, a solução é estável
durante 8 horas à temperatura ambiente (25C) ou 24 horas refrigerada (4C). Se
for observada a presença de cristais no frasco, esses devem ser dissolvidos
aquecendo a temperatura ambiente e agitando-se. Aconselha-se realizar
avaliações periódicas das funções hepática e renal como também da função
pulmonar antes e durante o tratamento. Não há informações quanto à eliminação
da carmustina no leite materno e a decisão de interromper o tratamento deverá
ser realizada avaliando a importância (risco-benefício) do tratamento para a
mãe.
Interações.
Foram indicados fenômenos tóxicos
sinérgicos em indivíduos que recebem medicamentos mielodepressores,
radioterapia, hepatotóxicos e nefrotóxicos. O uso simultâneo de vacinas com
vírus vivos pode potencializar a replicação do vírus da vacina, aumentar seus
efeitos secundários ou diminuir a resposta humoral. Vacinas com vírus vivos não
podem ser administradas a pacientes com leucemia em fase de remissão até pelo
menos 3 meses depois da última seção de quimioterapia.
Contraindicações.
Hipersensibilidade ao fármaco.
Herpes-zóster (risco de generalização grave). Catapora existente ou recente.
Insuficiência hepática, renal ou pulmonar. Mielodepressão. Pacientes fumantes
submetidos a terapia radioativa prévia especialmente em nível mediastinal ou
pulmonar. A segurança e a eficácia em crianças não foram estabelecidas.