Ações terapêuticas.
Anti-inflamatório; imunossupressor.
Propriedades.
Difunde-se através das membranas
celulares e forma complexos com receptores citoplasmáticos específicos; esses
complexos penetram no núcleo da célula, unem-se ao DNA (cromatina) e estimulam
a transcrição do RNAm e a posterior síntese de várias enzimas, que
são as responsáveis em última instância pelos efeitos dos corticosteroides
sistêmicos. No entanto, esses agentes podem suprimir a transcrição do RNAm
em algumas células (por exemplo, linfócitos). Diminui ou previne as respostas
do tecido aos processos inflamatórios, reduzindo os sintomas da inflamação sem
tratar a causa subjacente. Inibe o acúmulo de células inflamatórias, inclusive
macrófagos e leucócitos nas regiões de inflamação. Também inibe a fagocitose, a
liberação de enzimas lisossômicas e a síntese e liberação de diversos
mediadores químicos da inflamação. Os mecanismos da ação imunossupressora não
são completamente conhecidos, porém podem envolver a supressão ou prevenção das
reações imunes mediadas por células (hipersensibilidade retardada) assim como
ações mais específicas que afetam a resposta imune.Absorve-se rápida e quase
completamente por via oral e por via parenteral (IV-IM). O início da ação é
rápido obtendo-se o efeito máximo em uma hora. Sua ligação às proteínas é muito
elevada e a meia-vida desse fármaco é de aproximadamente 3 horas. A maior parte
do fármaco metaboliza-se principalmente no fígado a metabólitos inativos. Elimina-se
por metabolismo, seguido de excreção renal de seus metabólitos ativos.
Indicações.
Insuficiência adrenocortical aguda ou
primária crônica, síndrome adrenogenital, doenças alérgicas, doenças do
colágeno, anemia hemolítica adquirida, anemia hipoplásica congênita,
trombocitopenia secundária em adultos, doenças reumáticas, doenças oftálmicas,
tratamento do choque, doenças respiratórias, doenças neoplásicas (manejo
paliativo de leucemias e linfomas em adultos e de leucemia aguda em crianças).
Estados edematosos. Doenças gastrintestinais (para ajudar o paciente a superar
períodos críticos em colite ulcerativa e enterite regional). Triquinose com
comprometimento miocárdico.
Posologia.
Dose para o adulto: oral, de 4 a 48 mg
ao dia em uma dose única ou fracionada em várias tomadas. Em esclerose
múltipla: 200 mg diários durante uma semana, seguidos de 80 mg em dias
alternados durante um mês. Doses pediátricas: oral, de 0,417 a 1,67 mg por kg
de peso corporal ou de 12,5 a 50 mg por metro quadrado de superfície corporal
ao dia fracionados em três ou quatro tomadas. Em insuficiência adrenocortical:
de 0,117 mg por kg de peso corporal ou 3,33 mg por metro quadrado de superfície
corporal fracionados em três ou quatro tomadas.
Reações adversas.
O risco de ocorrência de reações
adversas com doses farmacológicas aumenta com a duração do tratamento ou com a
frequência de administração e em menor grau com a dose. A administração local
reduz, porém não elimina o risco de efeitos sistêmicos. Requerem atenção
médica, se manifestados durante o uso a longo prazo, úlcera péptica,
pancreatite, acne ou problemas cutâneos, síndrome de Cushing, arritmias,
alterações do ciclo menstrual, debilidade muscular, náuseas ou vômitos, estrias
vermelhas, hematomas não habituais, feridas que não cicatrizam. São menos
frequentes visão turva ou diminuída, diminuição do crescimento em crianças e
adolescentes, aumento da sede, ardor, adormecimento, alucinações, depressões ou
outras alterações de estado anímico, hipotensão, urticária, sensação de falta
de ar, sufoco no rosto e faces.
Precauções.
Recomenda-se não administrar vacinas
de vírus vivos em pacientes que recebem doses farmacológicas de corticoides já
que pode potencializar-se a replicação dos vírus da vacina. Pode ser necessário
aumentar a ingestão de proteínas durante o tratamento a longo prazo. Durante o
tratamento aumenta o risco de infecção e em pacientes pediátricos ou
geriátricos o de efeitos adversos. Recomenda-se a administração da dose mínima
eficaz durante o tratamento mais breve possível. É muito provável que os
pacientes de idade avançada em tratamento com corticoides desenvolvam
hipertensão. Além disso, os idosos, especialmente as mulheres, possuem maior
tendência a apresentar osteoporose induzida por corticoides.
Interações.
O uso simultâneo com paracetamol
incrementa a formação de um metabólito hepatotóxico do paracetamol, portanto,
aumenta o risco de hepatotoxicidade. O uso com analgésicos não esteroidais
(AINE) pode aumentar o risco de úlcera ou hemorragia gastrintestinal. A
anfotericina B com corticoides pode provocar hipocalemia grave. O risco de
edema pode aumentar com o uso simultâneo de andrógenos e esteroides anabólicos.
Diminui os efeitos dos anticoagulantes derivados da cumarina, heparina,
estreptoquinase ou uroquinase. Os antidepressivos tricíclicos não aliviam e
podem exacerbar as perturbações mentais induzidas pelos corticoides. Pode
aumentar a concentração de glicose no sangue, portanto será necessário adequar
a dose de insulina ou de hipoglicemiantes orais. As alterações no estado
tireóideo do paciente ou nas doses de hormônio tireóideo (se está em tratamento
com esse hormônio) podem fazer necessário um ajuste na dose de corticoides, já
que no hipotireoidismo o metabolismo dos corticoides está diminuído e no hipertireoidismo
está aumentado.Os anticoncepcionais orais ou estrógenos incrementam a meia-vida
dos corticoides e com isso seus efeitos tóxicos. Os glicosídeos digitálicos
aumentam o risco de arritmias. O uso de outros imunossupressores com doses
imunossupressoras de corticoides pode aumentar o risco de infecção e a
possibilidade de desenvolvimento de linfomas ou outros transtornos
linfoproliferativos. Podem acelerar o metabolismo da mexiletina com diminuição
da sua concentração no plasma.
Contraindicações.
Infecção fúngica sistêmica.
Hipersensibilidade aos componentes. Para todas as indicações, deve-se avaliar a
relação risco-benefício na presença de Aids, cardiopatia, insuficiência
cardíaca congestiva, hipertensão, diabetes mellitus, glaucoma de ângulo aberto,
disfunção hepática, miastenia gravis, hipertireoidismo, osteoporose, lúpus
eritematoso, TBC ativa, disfunção renal grave.